“Brasil Outra Vez”?

Por Gil DePaula

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Há quarenta anos, o livro Brasil Nunca Mais nos abriu os olhos para as atrocidades cometidas pela ditadura militar. Ele revelou, com base em documentos e testemunhos incontestáveis, a face sombria de um regime que torturava e silenciava em nome da “ordem”. Era o tempo do medo institucionalizado, dos porões sem lei e da censura imposta como política de Estado.

Hoje, ao observar os rumos do país, é inevitável perguntar: estamos vivendo outro tipo de ditadura, travestida de legalidade?

O que antes vinha fardado, agora veste toga. O Supremo Tribunal Federal — em especial o ministro Alexandre de Moraes — passou a agir como legislador, polícia e juiz ao mesmo tempo. Mandados de prisão sem o devido processo legal, censura de veículos de comunicação, bloqueio de redes sociais, investigações com base em critérios obscuros e decisões monocráticas que ferem a Constituição… Tudo isso sob o aplauso entusiasmado de uma esquerda que, outrora, se dizia defensora das liberdades democráticas.

Curioso paradoxo: a mesma esquerda que denunciou os abusos da ditadura militar agora silencia — ou pior, comemora — os abusos cometidos em nome da “defesa da democracia”. Mas que democracia é essa que cala vozes dissonantes, pune opinião e transforma a crítica em crime?

Não se trata aqui de defender extremismos nem de absolver figuras controversas. Trata-se de defender princípios. Um Estado de Direito só existe se as regras são respeitadas por todos — inclusive por quem julga. Quando o Judiciário se arroga o direito de punir antes do julgamento, de calar antes de ouvir, de legislar sem voto, ele se torna aquilo que deveria combater: autoritário.

A democracia é frágil. Ela não sobrevive apenas das intenções, mas da vigilância constante dos cidadãos. Hoje, muitos justificam os excessos do STF com a desculpa de conter ameaças antidemocráticas. É o mesmo raciocínio usado pelos militares em 1964: o mal menor para evitar o mal maior. E sabemos aonde isso nos levou.

Não podemos inverter os papéis da história. A liberdade não é seletiva. Ou defendemos a liberdade para todos, inclusive os que pensam diferente, ou aceitamos o arbítrio como método — e, nesse caso, não somos melhores do que aqueles que tanto criticamos no passado.

Precisamos voltar a acreditar no poder do voto, na alternância de poder, na justiça imparcial e na imprensa livre. Precisamos ensinar — e aprender — que democracia é diálogo, não imposição. Que justiça é equilíbrio, não vingança. Que o futuro se constrói com responsabilidade, e não com revanche.

Brasil Nunca Mais, dizíamos ontem. Mas, se não reagirmos hoje, corremos o risco de repetir amanhã os mesmos erros — apenas com novos algozes e outros nomes.

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Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.

A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação​.

Para saber mais sobre o livro ou adquirir uma cópia, você pode encontrá-lo em sites como o Clube de Autores ou por meio do e-mail:

gildepaulla@gmail.com

O Baú das Histórias Inusitadas

https://clubedeautores.com.br/livro/o-bau-das-historias-inusitadas-2

O-Bau-das-Historias-Inusitadas-1024x683 "Brasil Outra Vez"?

Abra o baú, tire a tampa da imaginação e prepare-se para um banquete literário!

Nessa coletânea de 18 contos temperados com pitadas de ficção científica, goles de aventura, colheradas generosas de ironia e uma lasquinha de romance, o que você encontra é um cardápio para o espírito — daqueles que alimentam o riso, o susto e a reflexão.

Cada história é uma cápsula do inesperado: ora te joga no passado, ora no futuro, ora te deixa rindo de nervoso. Ideal para quem lê aos goles ou engole de uma vez.

“O Baú das Histórias Inusitadas” é leitura para todos os gostos — mas só para quem gosta de se surpreender.

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