(artigo publicado no jornal Cidades Hoje de outubro de 2012)
Por Gil DePaula
Uma triste realidade vive o nosso país que se traduz em poucas palavras: abandono de crianças. Estima-se que oito milhões estejam abandonadas no Brasil, sendo que em torno de 2 milhões vivem permanentemente nas ruas, envolvidos com prostituição, drogas e pequenos furtos. Um número, portanto, bastante expressivo que fere diretamente o Estatuto da Criança e do Adolescente que determina: “Toda criança tem direito à vida, saúde, liberdade, educação, cultura e dignidade”. Lei constantemente ignorada pelas autoridades.
Na era colonial, era comum encontrar bebês largados em ruas, becos e portas de casa, mangues, rios e no lixo. Muitas vezes, o abandono se dava para preservar a honra das moças de família, ou pela falta de recursos para prover a criação, ou ainda quando possuíam alguma deficiência física.
Nos tempos atuais, as vitimas de abandono são geralmente as crianças pobres, que percorrem as ruas da cidade sem ter o que comer ou vestir, e sem ser providas da educação básica. Muitas são catadoras de lixo, outros mendigos, que chegam a disputar com os ratos os restos de comidas que estão nos cestos de lixo. Várias delas, ao longo do tempo, transformam-se em assassinos e ladrões, simplesmente por falta de opção. Vemos comumente adolescentes envolvidos em crimes dos mais diversos matizes.
Muitas famílias convertem seus filhos em pedintes ou vendedores ambulantes de quinquilharias, para complementarem o orçamento doméstico. Atividade esta que pode se estender noite afora, faça-se frio ou chova.
Adoção que aqui significa acolher por vontade própria e legal como filho legítimo, alguém desamparado pelos pais biológicos, confere a este todos os direitos de um filho natural. Infelizmente esse processo que deveria ser um acontecimento feliz na vida dessas pessoas, peca pelas noticias de abuso sexual, espancamentos e até mortes por parte dos pais adotivos.
Candidato a cargo politico adora aparecer com crianças, porém quando eleitos não se lembram de legislar em prol delas.
Cabe às nossas autoridades tornar factível o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como implementar projetos que previnam o abandono das crianças, e os que facilitem o processo de adoção.
Quanto a nós, não podemos esquecer a criança interior que traz as marcas da sua infância impregnadas na alma, sejam ela boas ou ruins, e que certamente deseja um mundo melhor para todos.