Único suspeito de matar o pai Luiz Carlos Rugai e a madrasta Alessandra de Fátima Troitino , em 2004, o estudante Gil Rugai (29) deve ser interrogado nesta quinta-feira (21), quarto dia do julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. De acordo com o advogado de defesa, Thiago Anastácio, o réu vai abrir mão do direito de permanecer em silêncio para responder todas as questões que lhe forem dirigidas. O defensor fez apenas uma ressalva:
“Ele responderá, tenha a mais absoluta certeza. A não ser que haja algo como uma falta de respeito. Se o réu for desrespeitado, ele cala”, ameaçou Anastácio.
Ele justificou a decisão afirmando que Gil Rugai seria “a única pessoa no processo que sempre deu a mesma versão”.
O réu só não se pronuncia hoje se as inquirições das duas testemunhas arroladas pelo juiz Adilson Paukoski Simoni durarem todo o dia, o que é improvável.
Espera-se que a fala de Rugai seja a mais longa de todo o julgamento. Até agora o delegado responsável por investigar o caso, Rodolfo Chiarelli, foi a testemunha por mais tempo ouvido: 6 horas.
Perfil: Excêntrico e calado, Rugai é preservado por advogados como estratégia da defesa
“É natural que os jurados queiram entender o que se passou com Gil. A questão do [shopping] Frei Caneca, para ele onde foi, por onde passou…”, explicou o advogado, que sustenta que Rugai estava no shopping no momento em que seu pai e madrasta foram assassinados a tiros.
Cansaço: Enxugando o suor com um lenço, Anastácio não disfarçou o cansaço do julgamento. Ao ser questionado sobre suas impressões gerais do terceiro dia de trabalhos, ele esqueceu das provas e contraprovas e fez um desabafo: “O cansaço começou a tomar conta de todo mundo. O rito do Juri precisa ser repensando neste País. Isso é um fato. Talvez seja hora de mudar, dar uma enxugada, resguardar mais e mais os direitos individuais. Porque um julgamento desse porte, com tantas testemunhas e por tantos dias, leva a uma exaustão física absolutamente incomum”.