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Jimi Hendrix gravou tanta coisa enquanto esteve vivo que só agora, quatro décadas após a sua morte, a fonte esgotou (talvez). People, hell & angels reúne 12 faixas obscuras e nunca lançadas do cancioneiro do revolucionário e visceral guitarrista norte-americano. À época de saída do trio The Jimi Hendrix Experience, o músico já havia revolucionado o rock psicodélico de bases blueseiras com uma trinca de discos clássicos, Are you experienced (1967), Axis: bold as love (1967) e Electric ladyland (1968). Antes de morrer, ele planejava dar uma guinada na carreira em moldes diferentes dos imortalizados com o pessoal do Experience, incluindo elementos de percussão (como conga), experimentações instrumentais e uma segunda guitarra. Esse outro Jimi Hendrix teve vida curta, encerrada em setembro de 1970. Dele, restou um espólio gigantesco.
O álbum (o décimo e, espera-se, derradeiro póstumo de estúdio) que acaba de chegar às lojas toca a nota final numa saraivada de pacotes de inéditas, iniciada em 1971 e engordada com trabalhos ao vivo, compilações e reedições. People, hell & angels dificilmente pode ser considerado como um trabalho plenamente realizado, apesar dos esforços da pós-produção em manter o frescor das sessões — chefiada por Janie Hendrix, filha adotiva de Al, pai do guitarrista, pelo produtor Eddie Kramer, engenheiro de som do Experience, e por John McDermott.
