A Arte de Luto – Morre “Zé Bonitinho”

 

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O ator Jorge Loredo, o Zé Bonitinho das comédias, do cinema e da televisão, de 89 anos, morreu na manhã desta quinta-feira. Ele estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Em nota, a assessoria de imprensa do hospital informou que Loredo estava internado no hospital desde o dia 3 de fevereiro,  e a partir do dia 13 foi mantido na Unidade Cardio Intensiva. “Loredo lutava há anos contra uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) grave e um enfisema pulmonar. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

Apesar da idade, até dois anos atrás, o humorista continuava trabalhando e usando as redes sociais para falar com os fãs e divulgar sua agenda de shows.

“Zé Bonitinho”, o perigote das mulheres, como o personagem de Loredo se apresentava, fez parte do enredo “Beleza pura?” da escola de samba União da Ilha, que teve como tema a beleza em suas várias interpretações. “Zé Bonitinho” se achava um galã irresistível, sempre ajeitando a cabeleira com um pente enorme, tão grande quanto seus óculos escuros.

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Jorge Loredo nasceu em 7 de maio de 1925 (completaria 90 anos este ano) e foi criado em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A infância e a juventude foram marcadas por doenças graves: aos 12 anos, tinha osteomielite e sofria de dores constantes. Aos 20 anos, com tuberculose, foi internado num sanatório, situação que acabou por lhe abrir as portas para a carreira. Incentivado pelos médicos, participou de um grupo teatral no hospital e descobriu sua vocação para os palcos.

O personagem “Zé Bonitinho” foi criado por Loredo, inspirado num colega que se achava um grande galã. Loredo costumava imitá-lo nas festas, arrancando gargalhadas. “Zé Bonitinho” estreou na televisão em 1960 no programa “Noites Cariocas”, exibido pela extinta TV Rio, com os primeiros textos roteirizados por Chico Anysio.

Em 2010, ano em que completou 50 anos, “Zé Bonitinho” continuava na TV, no humorístico “A praça é nossa”.  O irresistível “Zé Bonitinho” tinha bordões inesquecíveis, que Loredo repetia com a voz impostada de um conquistador: “Câmera, close; microfone, please”, ou “Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz!”.

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No final dos anos 50, Loredo já era famoso como o mendigo filósofo que interpretava na TV Rio, no programa “Rio cinco para as cinco’ e depois na “A praça é nossa”, com Manoel de Nóbrega, a quem o mendigo se apresentava com o bordão “Como vai, meu nobre colega?”. O personagem usava fraque e cartola, bem esfarrapados, monóculo e luvas.

O figurino, segundo contava Loredo, foi tirado de um filme de Charles Laugthon que fazia o papel de um mendigo aristocrata. O personagem surgiu por ideia de sua mãe, que na infância conhecera um mendigo elegante que ia à sua casa pedir comida, mas queria uma mesa montada na garagem com toalha de renda e tudo.

O mendigo filósofo fez tanto sucesso que Loredo teve como padrinho de casamento o ex-presidente Juscelino Kubistcheck, o que lhe valeu um bordão famoso: Ele terminava o quadro do mendigo dizendo: “Agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino…”.

Criou outros tipos: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la, o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres, e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.

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