Convordância e Verbos Impessoais

Por Miguel Álvares Cardoso

CV Convordância e Verbos Impessoais

A Concordância do verbo SER
Vamos ver como se deve comportar o verbo SER numa redação. Há muitas outras aplicações, mas vamos citá-las, em apenas alguns tópicos. É preciso relembrar que ele não possui um complemento verbal (um objeto). Trata-se de um verbo que faz a ligação, ou seja, uma espécie de ponte entre o sujeito e o predicado.
Pode esse verbo concordar ou com o sujeito ou com o predicativo, ou mesmo, com ambos de acordo com a vontade de quem está redigindo ou falando.

Quando o verbo SER é impessoal (nas indicações de hora, data, distância), evidentemente, ele não concorda com nenhuma pessoa, pois não há sujeito para verbos impessoais. Portanto, ele concordará com a expressão numérica que tem a função predicativa:

– São cinco horas.
– Hoje são trinta de abril e amanhã será 1º de maio.
– É meio-dia agora e hoje é dia 31 de abril. (Nestes casos, as palavras meio-dia e dia são predicativos, assim, o verbo Ser, impessoal, concorda com as mesmas)
– Com o verbo SER pode ocorrer a concordância ideológica, irregular ou também chamada de silepse:
– Os brasileiros somos um povo hospitaleiro.
– Os alunos somos muito gratos ao senhor.

Nestes casos, o emissor da mensagem se inclui entre os brasileiros, entre os alunos, por conseguinte o verbo pode concordar com tal ideia para enfatizar tal inclusão. É como se estivesse implícito o pronome Nós na expressão.

Nas expressões é muito, é pouco, é mais de, é tanto, especificando preço, peso, quantidade, o verbo fica no singular. Ex.:  Duas semanas não é muito para quem tanto esperou.

Conforme vimos, o verbo SER pode ser impessoal quando indica hora, tempo, etc.

O mesmo ocorrerá com os verbos haver, fazer, soar, passar, dar:
– Há dois anos que não passo aqui.
– Passa de três o tempo que ela está no avião.
– Bateu cinco horas, já? Deu cinco horas, já?
– Hoje é dois ou três de março? (Aqui o verbo concorda com o sujeito subentendido dia)
– O verbo haver com o sentido de existir é impessoal:
– Há bons livros na biblioteca (não há sujeito).
– Porém, o verbo existir é pessoal e deve ser flexionado:
– Existem bons livros na biblioteca (sujeito: bons livros).

É comum os verbos haver e fazer aparecerem erradamente grafados na 3ª pessoa do plural. Contudo, verbos impessoais não têm sujeito. Compare:
– Certo: houve enganos lamentáveis.
– Errado: Houveram enganos lamentáveis
– Certo: Faz quinze dia que ela partiu.
– Errado: Fazem quinze dias que ela partiu.
– Certo: Pode haver enganos.
– Errado: Podem haver enganos.
– Certo: Deverá fazer três meses agora.
– Errado: Deverão fazer três meses agora.
Observa-se nos últimos exemplos que HAVER e FAZER quando impessoais, influenciam os verbos que lhes servem de auxiliar.

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