Cerveja, saúde e dieta combina? De acordo com a nutricionista Ana Margarida Sales, nem sempre é necessário abolir o consumo da bebida. “Se a pessoa estiver numa dieta restritiva para emagrecer rápido, é interessante evitar sim, mas se o objetivo é apenas uma reeducação alimentar e mudança de hábitos, é possível beber aos fins de semana ou uma vez por mês”, esclarece. Nesses casos, a quantidade ingerida conta bastante, devendo-se fugir aos excessos.
Ainda assim, segundo a nutricionista, as cervejas puro malte são as mais indicadas, pois têm impacto menor na dieta, diferente das cervejas de trigo, por exemplo. “A de trigo, além de ter mais calorias por ser à base de um carboidrato, ela contém glúten, uma proteína que aumenta a gordura visceral e a extensão abdominal”.
O mestre cervejeiro Rodrigo Araújo explica que essa categoria da bebida conta com 100% de malte da cevada na receita, ao contrário de outras que incluem cereais não maltados, como o arroz e o milho. “A puro malte é mais cara, mas em compensação a cerveja é melhor”, diz ele.
Rodrigo acredita que a popularização das cervejas artesanais tornou o consumidor mais qualificado e exigente com relação à qualidade da bebida. Isso tem se refletido no catálogo das grandes marcas, que passaram a investir na ampliação de suas linhas premium, a exemplo da Brahma Extra. “Quem também está brincando com isso é a Bohemia, que tem uma linha de cervejas especiais de tirar o chapéu”.
Benefícios
O malte é rico em vitaminas, além de minerais como o potássio, e por isso ajuda a regular a pressão arterial com o relaxamento dos vasos sanguíneos. “Auxilia também os músculos, previne diabetes e anemia, por possuir ácido fólico. Mas, para obter esse benefício, é preciso consumir por dia 250 ml de cerveja”.
A presença de flavonoides no malte também ajuda na redução de peso. “Existe uma pesquisa sobre uma dieta mediterrânea que inclui 330 ml de cerveja por dia. Nesse estudo, verificaram que a dieta ajudou a reduzir o colesterol e triglicerídeos, agora resta saber qual a contribuição da cerveja para isso”, completa.
O que dizem os médicos?
Uma das bebidas mais adoradas pelos brasileiros, a cerveja, geralmente é produzida de malte feito de cevada. Mas algumas receitas permitem o uso de outros cereais. A cerveja brasileira por exemplo na verdade é quase uma bebida alcoólica de milho. Isso mesmo! Uma pesquisa da USP e da Unicamp mostra que cervejas Brasileiras possuem 45% de milho em sua composição, percentual máximo permitido pelo Governo. E para piorar, eles querem que o governo aprove que seja permitido que esse percentual suba para 50%. Ou seja eles querem que uma cerveja possa ter em sua composição até 50% de milho ou arroz, que são bem mais baratos que a cevada.
Pois é amigo, se você bebe Bohemia, Brahma, Skol, Antartica ou Nova Schin, você bebe uma mistura de refresco de milho com cevada, bem parecida com a cerveja.
Existem cervejas brasileiras feitas com puro malte de cevada (cervejas de verdade): Baden Baden, Bavaria Premium, Cevada Pura, Colorado Appia, Heineken, La Brunette, Paulistânia, Schmitt Ale, Therezópolis Gold, Eisenbahn Pale Ale e Einsenbahn Rauchbier.
Mas isto não as torna isentas de problemas. Se consumidas em excesso (o que é bastante comum), estão relacionadas a problemas metabólicos relacionados ao excesso de carboidrato e glúten.
Mas por que a Indústria não assume que vende cerveja de milho?
Utilizando milho em substituição aos ingredientes originais da cerveja (instituídos na Alemanha em 1516) perde-se valor agregado ao produto. Além disto, existem inúmeros estudos que mostram que os transgênicos causam os mais diversos problemas genéticos, de infertilidade e alergias e até mesmo câncer.
Hoje em dia a produção de milho transgênico equivale a mais de 89% do total de milho produzido pelo pais. Quem quer associar isto a um produto?
Antartica, Bohemia, Brahma, Itaipava, Kaiser, Skol e todas aquelas em que consta como ingrediente “cereais não maltados”, não são tão puras como as da Baviera, mas estão de acordo com a legislação brasileira, que permite a substituição de até 45% do malte de cevada por outra fonte de carboidratos mais barata.
Agora pense na quantidade de cerveja que você já tomou e na quantidade de milho que ela continha, principalmente a partir de 16 de maio de 2007. Foi nessa data que a CNTBio inaugurou a liberação da comercialização do milho transgênico no Brasil.
Hoje já temos 18 espécies desses milhos mutantes produzidos por Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dow Agrosciences e Dupont, cujo faturamento somado é maior que o PIB de países como Chile, Portugal e Irlanda. Tudo bem, mas e daí? E daí que ainda não há estudos que assegurem que esse milho criado em laboratório seja saudável para o consumo humano e para o equilíbrio do meio ambiente.
Aliás, no ano passado um grupo de cientistas independentes liderados pelo professor de biologia molecular da Universidade de Caen, Gilles-Éric Séralini, balançou os lobistas dessas multinacionais com o teste do milho transgênico NK603 em ratos: se fossem alimentados com esse milho em um período maior que três meses, tumores cancerígenos horrendos surgiam rapidamente nas pobres cobaias.
O pior é que o poder dessas multinacionais é tão grande, que o estudo foi desclassificado pela editora da revista por pressões de um novo diretor editorial, que tinha a Monsanto como seu empregador anterior.
Conclusão: além de provocar aquela barriga de chopp (resistência a insulina, obesidade visceral, esteatose hepática, inflamação, neurodegeneração, etc), a cerveja pode provocar doenças mais sérias. Compensa? Que cada um possa refletir e fazer suas escolhas e arcar com suas consequências.