Por Gil DePaula
A definição de um estadista incorpora alguns princípios fundamentais. Entre eles a capacidade de ser versado na arte de governar, e a habilidade em conduzir os negócios de um governo e moldar a sua política, exercendo liderança com sabedoria e sem imposições partidárias.
Estadista é aquele governante que não trabalha apenas pelo sucesso eventual do seu governo, mas que tem uma visão das necessidades futuras do seu país e trabalha para criar as bases desse futuro. Um verdadeiro estadista não se preocupa em se manter no poder, faz o que acha que seja necessário para o progresso do seu país, sem se deixar levar críticas. Estadista, no mundo todo, é uma figura raríssima, principalmente, no Brasil.
No Brasil, podemos considerar que somente dois presidentes vislumbraram fazer parte desse patamar: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
No governo de Getúlio Vargas, o país deixou de ser um país quase feudal passando a condição de país moderno. Suas realizações foram incontáveis como a CLT, a Petrobrás, a primeira Siderúrgica, etc. Com todos os erros que ele pode ter cometido, o saldo final das suas gestões foi muito positivo.
Juscelino Kubitschek, na presidência, construiu hidrelétricas, estradas, promoveu a industrialização e a modernização da economia. Uma das suas principais realizações foi a construção de Brasília e a instituição do Distrito Federal no planalto central, que marcou a transferência da capital federal (até então no Rio de janeiro) em 21 de abril de 1960. Numa era pós-Vargas, seu governo foi marcado por mudanças sociais e culturais.
Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Ele abriu a economia para o capital internacional e, dessa forma, atraiu o investimento de grandes empresas. Entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, a Ford, Volkswagen, Willys e General Motors
Infelizmente, após JK, não tivemos nenhum ocupante da cadeira presidencial que se destacasse. Pelo contrário, após findado o período dos governos militares, quando acreditávamos que pelo voto poderíamos escolher bons e grandes governantes, veio uma leva de presidentes inaptos e/ou corruptos, que passaram muito longe da figura de um estadista. Pessoas sem cultura, sem caráter e sem vontade de perpetuarem grandes realizações, que impactassem no futuro do Brasil, somente com projetos de perpetuação no poder e ganhos para si, para seu partido e seus apaniguados.
Haddad e Bolsonaro, que agora vão para o segundo turno das eleições 2018 para presidente, estão muito aquém do perfil de um estadista. Nenhum dos dois possui qualquer realização, que nos faça acreditar nas suas capacidades de gestão. Em contrapartida, ambos já demonstraram inaptidão para a gestão política e/ou administrativa.
Os dois já foram acusados de cometerem atos criminosos.
O petista responde atualmente na justiça a 32 processos. a maioria é composta por pelo menos 15 ações populares e nove por improbidade administrativa. Em uma delas, Haddad é acusado de superfaturar a ciclovia que liga o Ceagesp ao Ibirapuera, ao custo de R$ 54,7 milhões. Cada quilômetro custou para a Prefeitura R$ 4,4 milhões, bem acima do preço pago numa ciclovia na mesma região durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, — R$ 617 mil por quilômetro. Nesse caso, o juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública, já aceitou a denúncia e Haddad virou réu. Ele é acusado também de superfaturar a compra de salsicha para a merenda escolar. O Ministério Público Estadual o acusa ainda de desviar R$ 129,2 milhões de verbas destinadas ao Teatro Municipal. Nesse processo, estão envolvidos ex-assessores diretos de Haddad.
Já Bolsonaro possui uma biografia laivada de episódios nublados e polêmicos. Documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”. Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos Alfredo Pellegrino, Bolsonaro “tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos”.
Em 1987, Bolsonaro teria participado da operação” Beco Sem Saída”. A operação teria como objetivo explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e em alguns outros quartéis militares com o objetivo de protestar contra o baixo salário que os militares recebiam na época. Bolsonaro teria desenhado o croqui de onde a bomba seria colocada na Adutora do Guandu, que abastece de água ao município do Rio de Janeiro.
A revista Veja entregou esse material ao então Ministro do Exército e este, após quatro meses de investigação, concluiu que a reportagem estava correta e que os capitães haviam mentido. Por unanimidade, o Conselho de Justificação Militar (CJM) considerou, em 19 de abril de 1988, que Bolsonaro era culpado e que fosse “declarada sua incompatibilidade para o oficialato e consequente perda do posto e patente, nos termos do artigo 16, inciso I da lei nº 5836/72”. Em sua defesa, Bolsonaro alegou na época que a revista Veja tinha publicado acusações fraudulentas para vender mais com artigos sensacionalistas.
Bolsonaro disparou a frente na corrida presidencial, e tudo indica que será o próximo presidente brasileiro. Se for confirmado a vitória dele, será a confirmação que a bandalheira realizada pelo PT, produziu seu fruto, para o mal ou para o bem, pois me parece lógico, que se tivéssemos uma figura que reunisse em si as qualidade que compõe um estadista, nem Bolsonaro, nem Haddad teriam chances nesse segundo turno das eleições.
Bolsonaro está a frente por representar a desilusão do eleitor com o partido dos trabalhadores. Por encarnar a lição que deve ser aplicada aos prevaricadores que empunham a bandeira vermelha como seu símbolo. Sim! Bolsonaro no momento atual é a criatura que o PT criou e que está prestes a engoli-los.
Tomara, que a criatura se mostre mais digna, mais capaz, mais honrada do que o seu criador.
Livros de Gil DePaula
Amigo Gil, você só esqueceu de citar que Bolsonaro recebeu 200 mil da JBS e que depois ele transferiu para o partido e o partido transferiu para ele. O que é considerado lavagem de dinheiro. esqueceu também de dizer que durante 26 anos de vida parlamentar ele só aprovou dois projetos, o deputado que defende pautas ligadas aos militares e à segurança pública teve seus dois únicos projetos aprovados fora desse segmento. Viraram lei uma proposta que estende o benefício de isenção do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para produtos de informática e outro que autoriza o uso da chamada a fosfoetanolamina sintética, a “pílula do câncer”.
Agradecido Gustavo. Em um próximo texto que eu venha a abordar o assunto, incluirei suas observações. Abraços.