Por Gil DePaula
A história da República Brasileira, que adotou o sistema presidencialista, inicia-se com uma traição, pois o homem que se dizia amigo e admirador do imperador Dom Pedro II, foi um dos artífices e tornou-se o protagonista do golpe que derrubou o imperador; seu nome: Deodoro da Fonseca.
Na manhã de 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro, à frente de um batalhão, marchou para o Ministério da Guerra, e declarou o fim do período imperial e o início do período republicano. Dom Pedro II, sem se dá conta da traição, pensava que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Ministério. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório. Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. Em 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial partiram rumo à Europa.
Durante mais de trinta anos, a presidência se alternou entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, na chamada política do café-com-leite, advinda de um acordo entre as oligarquias estaduais.
Uma breve releitura da história presidencialista do século XX ao século XXI, nos mostra a tragicomédia que se tornou a história dos presidentes do Brasil: Getúlio Vargas, sempre envolvido em golpes, contragolpes e imensas polemicas acabou morto de forma trágica (teria se suicidado).
Juscelino Kubitschek sofreu tentativa de golpe para que não chegasse a assumir a presidência, foi taxado de ladrão e corrupto, depois preso e exilado. Sua morte, até hoje, desperta suspeitas.
Jânio Quadros, que se mostrou uma figura caricata, renunciou depois de apenas sete meses de governo, segundo ele; pelo fantasma das “forças ocultas”, que na verdade seria um autogolpe para voltar à presidência nos braços do povo.
João Goulart nunca governou de verdade e acabou sendo deposto pelos militares, que governaram durante vinte e um anos.
Tancredo Neves morreu antes de assumir a presidência e foi substituído por Sarney, que até hoje é desprezado pela maioria dos brasileiros.
Fernando Collor sofreu o impeachment sob a acusação de corrupção, acusado até pelo próprio irmão (Pedro Collor).
Fernando Henrique, até hoje, responde a quarenta ações por improbidade, das cento e quarenta e quatro que foi acusado.
Sobre Lula, todos sabemos no que deu. Também, ninguém desconhece que sua protegida Dilma Rousseff, acabou sendo apeada do poder por desrespeito à Lei orçamentária e à Lei de improbidade administrativa.
Ainda é cedo para sabermos o que acontecerá ao presidente recentemente empossado, Jair Bolsonaro. Se ele conseguirá quebrar o péssimo estigma que norteou as gestões dos presidentes brasileiros, até aqui. Entretanto, parte do seu discurso anterior é preocupante.
Ao observarmos a foto do ministério de Bolsonaro, ela parece reforçar o seu discurso de várias ocasiões; seu ministério é majoritariamente de homens, e todos são brancos e, provavelmente, héteros. Simples coincidência? Ou o discurso creditado a ele, contra as chamadas “minorias” de alguma forma se concretizam nessa formação ministerial?
Segundo o IBGE, a população de pardos e negros do Brasil, chega a cento e doze milhões de pessoas. Não me parece possível, que face a esse número tão grandioso, não exista pelo menos uma centena de homens negros com a capacidade para fazer parte do governo, e que pelo menos, um ou outro, pudesse ter sido escolhido como ministro. Todavia, para a realização de um bom governo, outros fatores podem ser mais decisivos. A história da era Bolsonaro, começa a ser contada…
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