Exposições no Arquivo Público Resgatam a História de Brasília

Candango Exposições no Arquivo Público Resgatam a História de Brasília

De todos os cantos do país, os candangos chegaram para construir Brasília e dar forma ao sonho de Juscelino Kubitschek. Vinham na euforia da aventura e na certeza de encontrar novas oportunidades de trabalho.

No meio de tantos, a população negra marcou presença. Com a força de cada um deles, a cidade foi erguida. Em homenagem a eles e em comemoração aos 30 anos do Arquivo Público do Distrito Federal, será apresentada, a partir de hoje, a exposição Trabalho e Presença Negra na Construção de Brasília (1956-1960).

A mostra foi montada em parceria com a Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh). Ela é formada por 20 painéis, que contam a história da comunidade negra em Brasília, com imagens fotográficas, documentos, como carteiras de trabalho, e vídeos com depoimento de pioneiros negros.

Imagens históricas da presença de negros na construção da capital

Imagens históricas da presença de negros na construção da capital


A pesquisa que resultou no material da exposição foi feita, ainda na gestão passada, por servidores da instituição que não trabalham mais lá. Além do tributo a essa população, é uma forma de valorizar o empenho dos funcionários em selecionar as fotos, os relatos orais e outros documentos. “Muita gente participou da construção desses 30 anos de Arquivo Público. Então, a mostra prestigia o trabalho de pesquisa que envolve suor e sangue destinados à instituição”, explica a superintendente.

Uma parte do acervo foi encontrada nos registros da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Os dados indicam que as obras de Brasília começaram em 3 de novembro de 1956, com 232 trabalhadores. Em 1957, a construção foi intensificada. Já em janeiro daquele ano, eram 2.500 operários. O 1º Recenseamento de Brasília, divulgado em julho de 1957, identifica que a nova capital contava com uma população de 6.283 pessoas, sendo 4.600 homens e 1.683 mulheres.

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Detalhes

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Uma visita à exposição revela histórias até então desconhecidas, como a contribuição de integrantes do Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO), na ampliação da produção agropecuária e na plantação de frutas e verduras que serviam de subsistência.

Além disso, as fotografias revelam cenas do cotidiano desses trabalhadores em acampamentos como a Cidade Livre — atual Núcleo Bandeirante. A mostra não contempla apenas o trabalho braçal e as memórias dos homens negros, mas também a participação das mulheres nos primeiros anos de Brasília. Na época, elas atuavam como lavadeiras, escriturárias, auxiliares de maquinista, copeiras, ajudantes de acabamento e serventes.

Os depoimentos que integram o Programa de História Oral do Arquivo Público e estão disponíveis na mostra revelam um sentimento de pertencimento dos pioneiros ao novo lugar e algumas reclamações quanto às precárias condições de trabalho.

A exposição é uma forma de desnudar a invisibilidade do povo negro na construção de Brasília e reverenciar e consagrar o papel de anônimos herdeiros da marca libertária trazida da África. “Ela traz à luz histórias que vinham sendo subtraídas da capital da República, da participação negra em sua épica construção.” É também uma oportunidade de lançar olhares sobre imagens com vistas à reconstrução de valores e percepções do cotidiano, de devolução e trocas.

Fonte: Correio Braziliense

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