Por Gil DePaula
Ser Santista não é somente torcer pelo time que teve em suas fileiras o maior jogador de futebol de todos os tempos. Ser Santista é algo que somente quem torce pelo Santos vai saber definir o que é. É paixão, na essência pura da palavra. É suar fora de campo. É sofrer por cada gol perdido. É sentir uma pontada no estômago com o quase gol que o adversário não fez. É fazer defesas impossíveis sentado em uma poltrona. É gritar pelos gols realizados e pelos perdidos. É xingar o juiz. É falar palavrões contra o técnico e depois aplaudi-lo. Em resumo: ser Santista é um turbilhão de emoções, que você que não é Santista nunca vai saber o que é.
Lembro-me, da primeira vez que vi o Santos Futebol Clube jogar: corria o ano de 1965 ou 1966. Eu estava por volta dos meus nove anos vividos. Na tela da TV não havia cores. Portanto, tudo era transmitido em preto e branco. Eis que adentra o campo da Vila Belmiro; a Vila mais famosa do mundo (me deixem ser um pouco clichê) onze mágicos; quero dizer; onze jogadores de futebol, vestidos – tirando a chuteira – totalmente de branco. E o contraste era graciosamente vibrante, pois em sua maioria eles eram negros.
O que vi, na televisão recentemente adquirida pelos meus pais, foi um espetáculo inesquecível, proporcionado pelos mágicos do Santos. Quero dizer: pelos jogadores dos Santos (risos). Pobre Portuguesa! Pobre não… Feliz Portuguesa, que teve a oportunidade de ver jogar contra si, o maior time do mundo, apesar da derrota acachapante que sofreram. Naquele momento descobri, que nunca, nunca mesmo, eu poderia torcer por outro time de futebol.
Os times do Santos, ao longo dos anos, se tornaram verdadeiras lendas. Os nomes que compuseram vários esquadrões Santistas, até hoje, são lembrados com reverência. O maior deles; Pelé, teve como coadjuvantes nome dos quilates de Clodoaldo, Lima, Zito, Coutinho, Pepe, Mengálvio, Dorval, Pita, Robinho, Neymar, Edu, Ailton Lira e tantos outros.
O Santos, podemos dizer, é um time atípico. Pois é o único time brasileiro que ao longo de décadas aproveita massivamente os jogadores formados em suas categorias mais jovens (detesto vê-los chamados de “categoria inferior”).
Quando mais se desacredita no time Santista, ele renasce das cinzas, tal qual Fênix revivida, capitaneada por um técnico que resolveu (ou as circunstâncias o levou a isso) a apostar nos jogadores das categorias de base do time.
Em 2020, não foi diferente. O esperto técnico Cuca (bem, se tem esse apelido, tem que ser esperto), senhor das dificuldades pelo que o time Santista passa e passou, apostou novamente nos jogadores da base. O resultado se concretizou hoje (13/01/2021). O Santos Futebol Clube classificou-se para a final da libertadores 2020, e enfrentará o Palmeiras, outro time brasileiro, em uma final que promete uma empolgação bastante tensa, por parte dos dois times e respectivas torcidas.
Para mim não importa se o Santos será campeão. Para mim, o que faz sentido é ver a garra de um time, que começou desacreditado, suplantar todos os percalços, e mais uma vez chegar a uma grande decisão, enquanto times que fizeram vultuosos investimentos ficaram pelo caminho.
Então, me resta a dizer: Santos sempre Santos, o time, que mais uma vez dá a Bola!
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