Adaptação Por Gil DePaula
O delegado Carleto (nome fictício) era chefe de uma equipe de plantão, de uma das delegacias do Distrito Federal. Ainda moço, eloquente, possuía como principal característica a simpatia. A postura dele, era a de sempre se mostrar valente e destemido. Entretanto, até uma determinada ocasião – que relatarei agora – nunca sua coragem havia sido colocada à prova.
Em um certo dia, em que Carleto encontrava-se de plantão, a delegacia recebeu um comunicado de um assalto a uma joalheria, que se encontrava nas proximidades. A pessoa que cometera o assalto – segundo informações – era um homem, portando um revólver calibre 38, que rendera todos os funcionários, e fugiu a pé, levando consigo quantidade expressiva de joias e relógios.
Para infelicidade do assaltante, alguém percebeu que ele se escondeu em uma casa, cujo os donos haviam viajado, e comunicou à polícia.
O delegado Carleto, prontamente, acionou a sua equipe, tomando a frente e partindo para o local onde foi relatado que o bandido estava escondido.
Enquanto, os demais agentes policiais vasculhavam o andar térreo, Carleto, impacientemente, subiu ao andar superior da casa de arma em punho. Ao adentrar o primeiro cômodo, que se encontrava em penumbras, levou um tempo para enxergar nitidamente o local. De repente, sentiu seu coração gelar e suas pernas bambearem, pois um homem à sua frente lhe apontava uma arma, e julgou que ele atiraria nele. O delegado, tomado pela adrenalina, disparou os seis tiros, da arma que portava em direção ao peito do seu opositor.
No andar térreo, os demais agentes ao ouvirem o barulho dos disparos e de vidro estilhaçado, correram, prontamente, ao andar onde encontrava-se seu superior. Lá, encontraram o delegado Carleto lívido, tremulo e de olhos arregalados, apontando, ainda, sua arma para um espelho que estava totalmente destruído, pois o policial acabara de atirar contra sua própria imagem refletida no espelho.
O delegado, que se dizia destemido, encontrava-se em estado de choque, balbuciando palavras desconexas, e não percebia que acabara de duelar com sua própria imagem, tendo que ser conduzido ao hospital mais próximo.
Depois dessa aventura, o delegado Carleto nunca mais participou de qualquer diligência externa. Entretanto, ganhou de seus pares, o carinhoso apelido de “Django, O Matador”.
Livros de Gil DePaula
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