Por Gil DePaula
Talvez os deuses, por compaixão de nós, simples mortais, nos inspirem ou a outrem ideias ou ações com o objetivo de nos aliviar das cargas mundanas do nosso dia a dia. Hoje (19/12), tive essa comprovação e vou revelar a vocês a forma que isso aconteceu:
Levantei-me, às 6h da manhã, pois às 8h30, eu deveria estar em uma clínica para a realização de um exame neurológico (não se preocupem, está tudo bem comigo – risos), que fica um pouco distante de onde resido. Antes mesmo de realizar o exame recebi uma mensagem de uma das minhas irmãs solicitando que a acompanhasse ao médico, tendo em vista que minha amada mãe necessitava de atendimento de urgência, pois apresentava alguns problemas de saúde.
Prontamente, aquiesci ao chamado e terminado meu exame, dirigir-me à casa delas e as conduzi ao hospital, que fica no Lago Sul de Brasília. Nesses trajetos, que tive que realizar, deslocando-me de um lugar ao outro, foi levado um tempo considerável, devido a distância entre as localidades.
O atendimento médico prestado à minha mãe estendeu-se por algumas horas. Em torno das 14h, vendo que o prolongamento seria mais extenso, combinei com minha irmã de voltar ao trabalho, em razão de várias tarefas que demandavam a minha presença, lembrando que eu ainda estava sem o almoço, ficando o meu irmão encarregado de buscá-las no hospital.
À noite, levando-se em conta a proximidade do natal, eu e minha esposa, resolvemos fazer algumas compras para o mês e para a ceia natalina. Às 21h30, estávamos de volta a nossa casa. Eu me sentia bastante cansado e o sono começava a me rondar. Eis, que para não perder o costume (novamente risos), resolvi dar uma olhada nas mensagens que haviam chegado ao meu celular.
Descobri, então, um vídeo enviado por meu primo Zé Florindo, com Elis Regina e Adoniran Barbosa, cantando as saudosas músicas do genial compositor. Linkei o vídeo com a televisão e passei a assisti-lo, nela. O vídeo enviado por meu primo era curto, mas eu estava a vê-lo pelo YouTube, que automaticamente, ao termino dele, passou a exibir um documentário realizado pela Globo, intitulado “Por Toda Minha Vida”, que trazia a história real de Adoniran Barbosa.
Embevecido, além de relembrar as excelentes composições do autor, tomei conhecimento de detalhes da vida de João Rubinato. Sim! Esse era o verdadeiro nome de Adoniran, que o trocou pelo epiteto, porque não achava que combinava com um sambista.
Adoniran – quem assisti ao vídeo vai comprovar – era um artista completo, além de um boêmio de estirpe. Cantava, dançava, ator, humorista, apresentador e boa praça. Alguns dos programas e personagens que fez, foram lideres de audiência e público, nas rádios, circos, teatros e televisão.
Mesmo, as gerações mais novas, não conseguirão deixar de se encantarem com as composições de Adoniran Barbosa, tais quais: Trem das Onze, Tiro ao Alvaro, Samba do Arnesto, Iracema, Saudosa Maloca, Bom Dia Tristeza, Abrigo de Vagabundo, Prova de Carinho, Despejo na Favela, Apaga o Fogo Mané e várias outras.
Em um determinado momento do documentário, quando eu me perguntava o Porquê de tantos erros de português nas músicas de Adoniran, o condutor do programa pareceu me escutar, e explicou que eram propositais, devido a ele acreditar, que assim o seu público entenderia melhor suas composições.
Muitas das suas músicas partiram de acontecimentos reais, e são geniais as histórias por trás delas. Principalmente de Iracema e Samba do Arnesto.
Depois, dessa overdose de belas canções e histórias magnificas, o meu dia foi coroado, em parte, graças ao meu primo, e em sua magnitude por Adoniran Barbosa, que abrilhantou a minha noite, povoada por sonhos de trens, malocas saudosas, tiros ao alvaros, Arnestos e Iracemas.
Parodiando João Rubinato: sinto muito amigos, mas não posso ficar nem mais um minuto com vocês, a Crônica encerra-se aqui!
Livros de Gil DePaula - www.clubedeautores.com.br
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Melhor do que ouvir uma boa música e boas histórias é compartilha-las com alguém que igual a você também se deleita ao ouvir um bom samba e boas poesias, que bom saber que seu sono foi suavizado por influência de canções e histórias que nos agradam de forma comum.
Grande abraço meu primo, precisamos ir juntos ao ” Samba do Arnesto”.
Valeu primo! E mais uma vez obrigado pelo belo presente.
Abraços!