Por Gil DePaula
Texto originalmente publicado em 01 de Maio de 2020.
Há alguns anos, eu li um livro chamado “Brasil Nunca Mais”. Esse livro traz os relatos e acontecimentos que mais marcaram os porões da ditadura.
São relatos verídicos e documentados sobre as torturas e mortes que ocorreram durante esse período. Histórias verdadeiramente chocantes ditadas por quem as viveu, pela igreja e até pelos participantes do regime militar. E não pense vocês, que somente pessoas que confrontavam o regime sofreram as agruras desse período: Jovens estudantes, mulheres (até grávidas) e qualquer um, mesmo que não fosse “subversivo”, se ousassem confrontar as ações do governo facilmente seriam presos e torturados.
A democracia tem suas imperfeições, mas ela é o único regime que permite a livre expressão. A pior das democracias é melhor que a melhor das ditaduras (se é que existe uma boa ditadura).
Então, temos dois problemas: o primeiro é que votamos mal. Somos capazes de eleger e reeleger conhecidos salafrários, por conveniência ou ignorância. O segundo, é que a esquerda se mostrou tão sórdida, que alguns prefere aventar a possibilidade da volta do autoritarismo, como se isso fosse a solução para o país. E não é! A salvação está na forma como nos posicionamos. Como cobramos por justiça, como impomos nossos valores éticos, como transmitimos essa mensagem.
Nossa melhor arma, sem utopias, é o voto. Porém, alguém dirá: “o brasileiro não sabe votar”. Se isso é verdade, façamos nossa parte para que todos os brasileiros aprendam a votar. Usemos as redes sociais, a mídia, a conversa de boteco, o que for necessário, para levarmos essa conscientização aos que dela necessitam. Educação gera educação. Radicalismo gera antagonismo.
Penso, que antes de advogarmos a favor ou contra desse ou daquele, seja ele um presidente, um parlamentar ou juiz, devemos defender o estado de direito, pois nos dá a segurança de podermos lutarmos contra as mazelas institucionalizadas.
Ninguém, no quadro atual de nossa política, pode ser considerado o salvador da pátria. Nenhum deles possui o perfil para isso. Pensar o contrário é ledo engano.
Lembro, que mesmo capenga temos punido os corruptos, feito o impedimento de políticos e até um presidente acabou preso.
Estamos aquém, anos-luz da perfeição democrática, mas vamos lutar para que, de degrau a degrau, possamos chegar perto dela, sem radicalismos e defesas apaixonadas e desprovidas de mérito para esse ou aquele, que se dão, simplesmente, por nossas revoltas interiores.
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