O Espiritismo, o Catolicismo e a Religião Evangélica são três tradições religiosas com crenças distintas, embora compartilhem alguns pontos em comum, como a crença em Deus e em Jesus Cristo. No entanto, elas divergem significativamente em questões cruciais, como a interpretação da Santíssima Trindade, o conceito do homem trino, a visão da vida após a morte, e os conceitos de ressurreição, reencarnação e o estado da alma após a morte.
A Santíssima Trindade
Catolicismo e Religião Evangélica: Ambas as tradições cristãs compartilham uma crença comum na Santíssima Trindade — Deus Pai, Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo. Segundo a doutrina católica e evangélica, esses três “aspectos” ou “pessoas” são coeternos e consubstanciais, ou seja, fazem parte de uma única divindade. Jesus Cristo é visto como Deus encarnado, que se fez homem para redimir a humanidade, e o Espírito Santo é o consolador enviado para guiar os cristãos na Terra.
Espiritismo: No Espiritismo, a concepção de Deus é monoteísta, mas não inclui a ideia de uma Trindade. Deus é um ser supremo, criador de todas as coisas, mas Jesus é considerado um espírito elevado, um guia e modelo de perfeição moral, porém não é visto como Deus encarnado. O Espírito Santo, da forma que é entendido nas outras duas tradições, também não possui o mesmo status no Espiritismo.
O Homem Trino
Catolicismo e Religião Evangélica: O ser humano é visto como composto de corpo, alma e espírito. A alma é imortal e individual, e é o aspecto mais central do ser humano, sendo julgada após a morte, de acordo com suas ações em vida.
Espiritismo: Para os espíritas, o ser humano também é trino, mas com uma abordagem diferente. Ele é composto por corpo físico, perispírito (uma espécie de corpo espiritual ou intermediário) e o espírito, que é a essência imortal. O espírito encarna e desencarna diversas vezes, em um processo de evolução moral e intelectual através da reencarnação.
Ressurreição e Reencarnação
Catolicismo e Religião Evangélica: Ambas as tradições cristãs acreditam na ressurreição dos mortos. Após o julgamento final, os justos ressuscitarão para a vida eterna, e os ímpios para a condenação eterna. No entanto, a ressurreição é vista como um evento futuro e definitivo, associado ao fim dos tempos. No catolicismo, após a morte, a alma pode ir para o Céu, Purgatório ou Inferno, dependendo de seus méritos e faltas. Entre os evangélicos, a crença no Purgatório é rejeitada, prevalecendo a ideia de que após a morte, a alma vai diretamente para o Céu ou Inferno.
Espiritismo: O Espiritismo rejeita a ressurreição no sentido literal, defendendo a reencarnação, ou seja, o retorno da alma a um novo corpo físico em diversas existências. O objetivo é o progresso do espírito, que aprende e se purifica ao longo das sucessivas encarnações. A ressurreição, nesse contexto, é interpretada de forma simbólica, referindo-se à vida espiritual que segue à morte física, e à possibilidade de retorno à vida material através de novas encarnações.
O Seio de Abraão
No relato bíblico do rico e Lázaro, mencionado em Lucas 16:19-31, é feita referência ao “Seio de Abraão”, um lugar de repouso e conforto onde Lázaro, o pobre, é levado após a morte, enquanto o rico é atormentado. Esta passagem é frequentemente interpretada de maneiras diferentes pelas tradições religiosas.
Catolicismo: O “Seio de Abraão” é interpretado como um estado temporário para as almas justas antes da ressurreição e do julgamento final. No catolicismo, isso pode ser associado à ideia de Limbo ou, de certa forma, ao Purgatório, onde as almas aguardam sua entrada definitiva no Céu.
Religião Evangélica: Entre os evangélicos, o “Seio de Abraão” é visto como uma metáfora para o Céu ou o Paraíso, onde as almas dos justos aguardam a ressurreição e o julgamento final. Eles não acreditam em um estado intermediário como o Purgatório.
Espiritismo: No Espiritismo, o conceito do “Seio de Abraão” é interpretado de maneira mais simbólica. Não há um lugar fixo de repouso eterno, mas sim um estado de paz e harmonia que o espírito alcança conforme sua evolução moral. Após a morte, a alma pode passar por um período de reflexão e descanso no mundo espiritual, antes de reencarnar ou seguir sua trajetória evolutiva.
Após a Morte: Dormir no “Seio de Abraão”
Catolicismo e Religião Evangélica: A ideia de que as almas “dormem” após a morte tem base em algumas passagens bíblicas, mas no geral, ambas as tradições acreditam que as almas estão conscientes, aguardando a ressurreição e o julgamento final. No catolicismo, o Purgatório é um lugar de purificação para as almas, enquanto os evangélicos creem que a alma vai diretamente para o Céu ou Inferno.
Espiritismo: No Espiritismo, a ideia de “sono” é interpretada de maneira diferente. Após a morte, o espírito entra em um estado de consciência correspondente ao seu nível de evolução. Espíritos mais elevados passam por um período de descanso e podem auxiliar outros, enquanto os menos evoluídos podem passar por um período de perturbação antes de retomarem sua jornada evolutiva. Não há uma noção de sono ou repouso eterno.
Conclusão
A doutrina espírita, o catolicismo e a religião evangélica possuem profundas diferenças em relação à visão de Deus, do homem e da vida após a morte. O Catolicismo e a Religião Evangélica mantêm o conceito da Trindade e a ideia de uma ressurreição futura, enquanto o Espiritismo rejeita a Trindade, adota a crença na reencarnação e vê o “Seio de Abraão” como um símbolo da evolução espiritual.
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