Perdeu, Mané!

barroso-e-lula Perdeu, Mané!

Perdeu, Mané! Eu estou por aí, comendo do bom e do melhor, ainda celebrando a vitória do candidato que eu descondenei. Protegido pelo meu vexame, pelas mágicas palavras do William Bonner e do Erado Pereira, meu parceiro de karaokê.

Não adianta você, Mané, ficar gritando no meu ouvido o texto da Constituição, as sombras do sistema eleitoral, as incongruências da votação e a censura que nós baixamos para proteger a imagem do bom ladrão. Nada disso adianta. Quando chegar a noite, o Jornal Nacional enxagua todos os nossos atos e acaba com a raça dos manés.

Perdeu, Mané! Eu falo qualquer merda, que não pega nada para mim. Eu digo que eleição não se ganha, se toma. Digo isso em pleno Congresso Nacional, onde eu fui mudar o rumo de uma votação para a instituição do voto auditável. E ainda falo aos quatro ventos que os que perdem ou pediam aperfeiçoamento do sistema de votação queriam, na verdade, fraudar a eleição. Eu ainda digo que querem a volta do sistema de cédulas de papel. Eu minto mesmo! Como eu já disse, eu falo qualquer merda, e não pega nada para mim.

Perdeu, Mané! Eu posto, em plena eleição, a frase “já vai tarde”. Eu falo mesmo, boto a minha cara, escancaro a minha parcialidade, o meu partidarismo, a minha compostura de juiz de várzea. Não tô nem aí. De noite, o Bonner me absolve ou, como diz meu candidato honesto, “me absorve”.

Perdeu, Mané! Você não sabe como a vida é boa. Você não sabe o que é ser imune a tudo e a todos. Não sabe o que é a sensação de usar uma capa de super-herói diariamente, sobrevoando as leis, o direito e a sociedade inteira. Um mané como você jamais vai ter o prazer transcendental que eu tenho de canetar o que eu quiser e mudar a vida das pessoas ordinárias como você em um segundo, obrigando essas pessoas a fazer com sua saúde, com suas finanças e com a sua liberdade o que me der na telha.

Perdeu, Mané! Mas não pensa que eu sou um iluminado. Nós somos vários iluminados, todos com capa de super-herói. Cada barbaridade de um de nós é protegida e reforçada pela barbaridade dos colegas. E até “cala a boca já morreu” renasce se for preciso, sempre por uma boa causa. Pergunta ao Bonner se não tem censura do bem.

Perdeu, Mané! Fica aí, se espremendo na rua com esses seus pedidos de mané, que aqui, do ar-condicionado, a gente dá uma coçadinha na caneta e, em questão de minutos, a nossa polícia tá em cima de vocês, lhes tratando como criminosos, que é o que vocês são. Ou melhor, não são. Isso é o mais gostoso de tudo: nós transformamos vocês em delinquentes sem fazer o menor esforço. Às vezes, a gente tá até bocejando nessa hora. E, de noite, o William confirma que é isso mesmo, que vocês são criminosos. Você não tem ideia de como é gostoso viver com uma varinha mágica nas mãos.

Agora dá licença que eu preciso puxar o saco dos milionários que me convidam para as melhores paradas. E vê se não amola!

Então, é isso… Mané!

Conheça Outras Publicações do Portal

Livros de Gil DePaula

www.clubedeautores.com.br — www.editoraviseu.com.br — gildepaulla@gmail.com

Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)

TDHP-1-1024x585 Perdeu, Mané!

Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.

A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação​.

Para saber mais sobre o livro ou adquirir uma cópia, você pode encontrá-lo em sites como o Clube de Autores ou por meio do e-mail:

gildepaulla@gmail.com

O Baú das Histórias Inusitadas

Clique aqui

Seta2 Perdeu, Mané!

https://clubedeautores.com.br/livro/o-bau-das-historias-inusitadas-2

image-11 Perdeu, Mané!

Terras dos Homens Perdidos

Clique aqui 

Seta2 Perdeu, Mané!

https://clubedeautores.com.br/livro/terras-dos-homens-perdidos

image-12 Perdeu, Mané!

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios *

*

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: