Por Gil DePaula
O uso do termo afrodescendente vem se popularizando no Brasil nos últimos anos, principalmente em ambientes institucionais e acadêmicos. No entanto, considero esse termo inadequado à realidade brasileira. Primeiro, porque quase todos os brasileiros têm alguma ancestralidade africana, o que tornaria a designação praticamente universal — e, por consequência, sem valor específico. Segundo, porque nem todo africano é negro. Um bôer sul-africano ou um egípcio do norte da África, por exemplo, são africanos, mas não negros.
A origem do termo parece estar ligada ao contexto norte-americano, onde a questão racial tem contornos históricos e sociais diferentes dos do Brasil. Nos Estados Unidos, o uso de African-American reflete uma necessidade de identificação étnica em uma sociedade marcada por forte segregação. Contudo, o simples transplante dessa expressão para o Brasil ignora nossas particularidades históricas, culturais e raciais.
Não é comum no país a adoção de termos como germano-descendente, ítalo-descendente ou eurodescendente para se referir a outros grupos. A insistência em destacar um grupo específico como afrodescendente acaba criando uma separação que, ao invés de promover a inclusão, pode reforçar divisões identitárias e sociais.
Outro debate recorrente diz respeito ao uso das palavras preto e negro para se referir à população negra. Recentemente, um vídeo nas redes sociais mostrou um homem — aparentemente estrangeiro — argumentando que o correto seria usar o termo preto, alegando que negro seria depreciativo. No entanto, no Brasil, expressões populares como “a coisa tá preta” atribuem ao termo preto conotações negativas. Ao mesmo tempo, o termo negro é amplamente aceito, inclusive por movimentos sociais, e historicamente não gerou incômodos generalizados.
Na minha vivência pessoal, jamais ouvi de amigos, familiares ou conhecidos negros qualquer queixa por serem chamados de negros. Termos como “negão” ou “neguinho”, quando usados com afeto, sempre foram compreendidos dessa forma. A entonação, o contexto e a intenção costumam ser mais importantes que a palavra em si. Em contrapartida, eufemismos como “moreno” ou “moreninho” muitas vezes revelam um certo desconforto em lidar com a identidade negra de maneira natural.
Acredito que, quando de fato assimilarmos a mensagem cristã de que todos somos irmãos e filhos do mesmo Pai, essas classificações raciais perderão o peso que hoje carregam. Seremos vistos não pela cor da pele ou pela origem genética, mas por nossa essência humana.
Enquanto esse momento não chega, sigo rejeitando rótulos identitários e preferindo me apresentar simplesmente como o que sou: um brasileiro — com orgulho.
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Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)
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Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.
A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação.
Para saber mais sobre o livro ou adquirir uma cópia, você pode encontrá-lo em sites como o Clube de Autores ou por meio do e-mail:
gildepaulla@gmail.com
O Baú das Histórias Inusitadas
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Abra o baú, tire a tampa da imaginação e prepare-se para um banquete literário!
Nessa coletânea de 18 contos temperados com pitadas de ficção científica, goles de aventura, colheradas generosas de ironia e uma lasquinha de romance, o que você encontra é um cardápio para o espírito — daqueles que alimentam o riso, o susto e a reflexão.
Cada história é uma cápsula do inesperado: ora te joga no passado, ora no futuro, ora te deixa rindo de nervoso. Ideal para quem lê aos goles ou engole de uma vez.
“O Baú das Histórias Inusitadas” é leitura para todos os gostos — principalmente – para quem gosta de se surpreender.
Excelente artigo primo, no mundo está tudo muito confuso, de uma hora para outra surgiram termos, expressões e formas de falar que disparam gatilhos perigosos, que sugerem bulim, racismo, homofobia etc, e o pior é que muitas vezes tudo isso acontece efetivamente para a desgraça de toda a humanidade, preta, branca, hetero ou homo.
O fato é que necessitamos todos ter muito cuidado para não superdimensionarmos o que de fato existe, não criarmos o que não existe e não permitirmos que a maldade e o desrespeito de pessoas que não aprenderam a ser gente prevaleça.
Muito obrigado, José Florindo, pelo comentário no blog.
Abraços!
Valeu Gil.
De fato o termo afrodescendente sempre tem conotação racista.
O que realmente é esquisito foi o politicamente correto tentar acabar com os milhões de miscigenados que são os pardos, mesticos ou mulatos.
Agora a pessoa quem decide , e muitos decidem que são negros ou decidem que sao brancos.
Valeu Gil.
De fato o termo afrodescendente sempre tem conotação racista.
O que realmente é esquisito foi o politicamente correto tentar acabar com os milhões de miscigenados que são os pardos, mesticos ou mulatos.
Agora a pessoa quem decide , e muitos decidem que são negros ou decidem que sao brancos.
Obrigado Marcos, pelo comentário no blog.
Abraços!