O Mito de Platão e o Wi-Fi

Gil DePaula

Platao-e-o-Wi-Fi-1024x683 O Mito de Platão e o Wi-Fi

Outro dia, em um restaurante, observava um grupo de jovens em silêncio absoluto — cada um imerso em seu próprio universo digital, desfrutando do bom e “velho” celular. Nesse instante, me peguei lembrando de uma antiga alegoria filosófica: o Mito da Caverna, de Platão.

Na história, homens acorrentados viam apenas sombras projetadas na parede de uma caverna, acreditando que aquilo era a realidade. Até que um deles se liberta, sai da caverna e descobre o mundo real. E, ao tentar contar aos outros o que viu, é ridicularizado, desacreditado — quase linchado.

Hoje, me pergunto se não estamos todos de volta à caverna. Só que agora, ela possui um nome até pomposo: Wi-Fi. As correntes? Notificações constantes, likes infinitos, a urgência de saber tudo o tempo todo. Não vemos mais sombras projetadas por uma fogueira, mas sim reflexos digitais moldados por algoritmos, interesses comerciais e bolhas de opinião. Confundimos popularidade com sabedoria; viralização, com verdade.

Brigamos por partidos políticos como se fossem times de futebol. Aliás, brigamos por futebol também — como se o placar de domingo mudasse a direção da nossa vida. Tomamos as dores de gente que nunca nos viu, defendemos causas que não entendemos e desumanizamos qualquer um que pense diferente. Tudo isso, claro, em nome da justiça — ou do que achamos que seja.

E quando alguém resolve sair um pouco dessa dinâmica — desligar o celular, ler um livro, caminhar em silêncio, refletir antes de falar — pode ser acusado de alienado, arrogante ou desconectado do “mundo real”.

Mas o que é o real? Aquilo que sentimos com os próprios olhos e mãos, ou aquilo que o feed nos entrega com moldura e legenda?

Às vezes, penso que talvez a caverna de hoje seja mais perigosa que a de Platão. Porque agora ela é confortável, divertida, viciante. E quem se acostumar com o brilho da tela pode nunca mais desejar sair ao sol.

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Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)

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TDHP-1-1024x585 O Mito de Platão e o Wi-Fi

Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.

A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação​.

Para saber mais sobre o livro ou adquirir uma cópia, você pode encontrá-lo em sites como o Clube de Autores ou por meio do e-mail:

gildepaulla@gmail.com

O Baú das Histórias Inusitadas

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O-Bau-das-Historias-Inusitadas-1024x683 O Mito de Platão e o Wi-Fi

Abra o baú, tire a tampa da imaginação e prepare-se para um banquete literário!

Nessa coletânea de 18 contos temperados com pitadas de ficção científica, goles de aventura, colheradas generosas de ironia e uma lasquinha de romance, o que você encontra é um cardápio para o espírito — daqueles que alimentam o riso, o susto e a reflexão.

Cada história é uma cápsula do inesperado: ora te joga no passado, ora no futuro, ora te deixa rindo de nervoso. Ideal para quem lê aos goles ou engole de uma vez.

“O Baú das Histórias Inusitadas” é leitura para todos os gostos — principalmente – para quem gosta de se surpreender.

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