Assim, a Esquerda Não Governa Mais

Por Gil DePaula

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Em mais uma análise precisa do canal Meio, o jornalista Pedro Doria levanta uma questão essencial para compreendermos o atual impasse da política brasileira: por que, mesmo vencendo eleições, a esquerda não consegue governar efetivamente o país? A resposta, segundo ele, não está apenas nas disputas ideológicas, mas na forma como o sistema político foi reconfigurado ao longo das últimas décadas.

O Episódio do IOF e o Veto Fiscal Informal

O ponto de partida da análise é o recente episódio do aumento da alíquota do IOF, imposto usado tradicionalmente como ferramenta de regulação monetária. Desta vez, porém, o governo tentou elevá-lo com objetivo meramente arrecadatório — para fechar um rombo fiscal estimado em R$ 18 bilhões. A proposta foi rapidamente rejeitada por setores do Congresso e sofreu questionamentos jurídicos no Supremo Tribunal Federal.

Esse movimento revelou um fenômeno preocupante que Doria chamou de “veto fiscal institucional”: o Executivo tenta governar, mas encontra entraves por todos os lados — seja no Legislativo, no Judiciário ou na própria estrutura fiscal desmontada por governos anteriores.

A Herança Maldita das Isenções

Pedro Doria relembra um dado gritante: entre 2011 e 2016, durante os governos de Dilma Rousseff, o país concedeu mais de R$ 519 bilhões em isenções fiscais a setores variados da economia, como forma de tentar estimular o crescimento. A estratégia, no entanto, fracassou. O que se viu foi a sangria das contas públicas, sem retorno em produtividade ou arrecadação.

Hoje, diante de um orçamento estrangulado, o governo tenta encontrar formas de fechar as contas — mas encontra resistência de um Congresso hostil, que se recusa a aprovar medidas impopulares.

Um Congresso Que Não Reflete a Maioria

Aqui está o cerne da questão: por que o Executivo, eleito pela maioria dos brasileiros com uma pauta progressista, não consegue implementar sua agenda?

A resposta está no sistema eleitoral. O Brasil elege presidentes pelo voto majoritário, o que favorece candidatos com discursos amplos e voltados ao centro-esquerda. Mas a Câmara dos Deputados é formada por meio do voto proporcional, o que gera uma distorção: partidos menores, de base regional e conservadora, acabam tendo peso muito superior ao seu real apoio popular.

Além disso, regiões menos populosas elegem proporcionalmente mais deputados, o que torna o Congresso ainda mais conservador — e muitas vezes desconectado da vontade da maioria urbana e progressista do eleitorado.

O Fim dos Instrumentos de Barganha

Antigamente, um presidente conseguia formar maioria no Congresso com base na distribuição de cargos, verbas e influência. Isso mudou drasticamente nos últimos anos.

A proibição do financiamento privado de campanhas, o controle sobre o financiamento público e, mais recentemente, o fim do chamado “orçamento secreto”, reduziram drasticamente o poder de articulação do Executivo. Hoje, o presidente tem menos ferramentas para negociar com os deputados — e isso paralisa o governo.

O Paradoxo Democrático Brasileiro

O resultado dessa combinação de fatores é um paradoxo inquietante: o Brasil elege presidentes progressistas, mas entrega a governabilidade a um Congresso que bloqueia qualquer avanço nessa direção. A estrutura de poder está montada para impedir transformações profundas — sejam fiscais, sociais ou institucionais.

Doria finaliza sua análise com um alerta: “Do jeito que está, a esquerda não governa mais”. E não porque não vence eleições, mas porque as regras do jogo foram desenhadas para mantê-la sem instrumentos reais de ação.

Reflexão Final

A pergunta que fica é: como reformar esse sistema? Será preciso enfrentar um debate sério sobre reforma eleitoral, pacto federativo, redistribuição orçamentária e o papel do Congresso. Sem isso, continuaremos presos a esse ciclo vicioso onde presidentes tentam governar com as mãos atadas — e o Brasil segue sem rumo claro.

E Você, o Que Pensa Sobre Isso?

Acredita que há saídas institucionais para esse impasse? Que tipo de reforma poderia devolver à política brasileira a capacidade de realizar transformações profundas?

Deixe seu comentário abaixo. Vamos debater o país que queremos construir.

Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=L4U690c-AAc

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