Rio de Janeiro: A Crônica de uma Tragédia Anunciada

Por Gil DePaula

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Mais de sessenta mortos. Corpos estendidos nas vielas, famílias aterrorizadas, sirenes que não param de ecoar. O noticiário volta a mostrar o que, infelizmente, o Brasil já se acostumou a ver: o Rio de Janeiro afundado em sangue, medo e desordem.
Mas engana-se quem pensa que essa tragédia começou ontem. O caos que hoje domina o estado é o resultado direto de décadas de decisões políticas equivocadas, de um projeto ideológico que desarmou o Estado e fortaleceu o crime.

A semente do caos: o legado do brizolismo

Para compreender o colapso atual, é preciso voltar ao início dos anos 1980, quando Leonel Brizola, em nome de uma visão romantizada dos direitos humanos, proibiu a polícia de subir aos morros. A intenção declarada era evitar abusos; o efeito real foi o oposto: os morros foram entregues ao tráfico.

A partir daí, consolidou-se no Rio uma cultura de não enfrentamento, sustentada por uma elite política e intelectual que sempre preferiu culpar a “sociedade desigual” pelo crime, em vez de responsabilizar os criminosos. Brizola, e muitos que o seguiram, pareciam mais preocupados em preservar o discurso do que proteger o cidadão.

O Estado, acuado pela ideologia, abdicou de sua função mais básica: garantir a lei e a ordem. As facções, percebendo o vácuo de poder, se organizaram, se armaram e passaram a controlar territórios inteiros, impondo regras, leis e julgamentos próprios.
Nascia ali o Estado paralelo, que hoje domina boa parte do território carioca.

A ideologia que desarma o Estado e premia o crime

Ao longo dos anos, essa postura leniente se cristalizou. Governos de esquerda, tanto no âmbito estadual quanto federal, mantiveram o mesmo discurso permissivo, travestido de sensibilidade social.
Criou-se uma retórica que absolve o bandido em nome da “injustiça estrutural”.
O resultado? Policiais acuados, leis frouxas, fronteiras escancaradas e comunidades inteiras reféns de grupos armados.

Enquanto isso, o Estado — capturado por ideologias e interesses eleitorais — criminaliza o policial que reage e vitimiza o criminoso que atira.
É um paradoxo perverso: o Estado que deveria proteger o cidadão passou a temer ser acusado de violência, mesmo diante de um crime que mata diariamente.
A consequência está diante de nossos olhos — um Rio de Janeiro fragmentado, onde o crime impõe a ordem e o governo finge governar.

O contraste escandaloso: quem é o inimigo do Estado hoje?

A seletividade da Justiça e da política brasileira chegou a níveis grotescos.
Enquanto traficantes, ladrões e assassinos são tratados com complacência, beneficiados por decisões “progressistas” e por um sistema penal frouxo, os acusados dos atos de 8 de janeiro enfrentam uma punição exemplar e midiaticamente alimentada.

Não se trata de defender excessos cometidos por manifestantes — mas de apontar o duplo padrão.
Quem invade prédios públicos é preso e condenado com rapidez inédita;
quem destrói comunidades inteiras com o tráfico de drogas, com a milícia ou com a corrupção política é tratado como vítima social.
A mesma justiça que se mostra implacável com um lado, mostra-se conivente com políticos corruptos, empreiteiros e criminosos de colarinho branco, quando estes pertencem ao “campo certo” do espectro ideológico.

Esse contraste não é casual — é um reflexo direto de uma hegemonia cultural e política que domina boa parte das instituições brasileiras.
A narrativa dominante coloca o Estado como algoz e o criminoso como oprimido. E, sob esse disfarce humanitário, o crime prospera.

O preço da omissão

O que vemos hoje no Rio é o retrato mais cruel da falência moral e institucional do Estado brasileiro.
As facções ditam regras, o cidadão se esconde e o governo, em Brasília, emite notas de solidariedade.
Enquanto isso, quem se atreve a propor uma política de segurança firme, baseada na lei e na autoridade, é imediatamente tachado de “autoritário” ou “fascista”.

A tragédia de agora — as vidas perdidas, o terror, o descontrole — não é apenas um episódio.
É a conta acumulada de quarenta anos de omissão, ideologia e covardia política.
E, como sempre, quem paga essa conta é o povo trabalhador, honesto, que vive entre o fogo cruzado e a esperança de que o Estado um dia volte a existir.

Conclusão

O Rio de Janeiro não está em guerra.
Está, na verdade, sem governo.
E quando o Estado se ausenta, o crime se torna soberano.
O que colhemos agora é fruto de uma política que trocou a ordem pela retórica, a autoridade pela complacência e a justiça pela militância.

O Brasil precisa decidir de que lado está: do cidadão que trabalha e teme, ou do criminoso que mata e é protegido.

Enquanto essa escolha não for feita com clareza, tragédias como a do Rio de Janeiro continuarão a se repetir — sempre com mais corpos, mais lágrimas e menos Estado.

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Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.

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