Por Gil DePaula
Se há um quesito de que o Brasil sempre tem a capacidade de se reinventar, este sem dúvida é o da corrupção. Quando pensamos que chegamos ao fundo do poço, como no caso da “caixa de pandora” ocorrido em Brasília, somos surpreendidos (será?) com novas denuncias envolvendo ministérios do Governo Federal. A bola da vez são os ministérios da Agricultura, Transporte e Turismo, que inclusive tiveram alguns de seus membros presos pela Polícia Federal.
Acreditam os especialistas que uma das causas é o loteamento de cargos realizado por parte do governo, em busca da tal governabilidade, que passa pela prestação de favores aos chamados partidos da base aliada. Partidos esses, que muitas vezes aproveitam a oportunidade de estar à frente de um determinado órgão para fazer caixa.
Em 2010, o então presidente Lula enviou um projeto ao Congresso propondo punições mais rigorosas aos corruptos e seus corruptores, época em que o “mensalão do DEM” causava certa indignação em Brasília. Passado um ano e meio, a proposta continua parada em nosso parlamento. Em contrapartida temos uma escalada dos escândalos.
Segundo matéria publicada no jornal Correio Braziliense, o recente clima criado pelas denuncias e prisões, não foi capaz de incentivar os membros da Câmara Federal a votarem os 27 projetos que aumentam as punições e intensificam a fiscalização do dinheiro público. Nenhuma delas se quer foi incluída na lista de prioridade no início deste mês, por qualquer um dos partidos. Sem dúvida a redução da corrupção passa por Leis mais rígidas apoiadas por rigorosas punições.
Agora, particularmente, desejo que aquele espirito que acompanhou os denominados “cara pintadas” no governo Collor, se faça presente toda vez que atos de prevaricação forem descobertos, inclusive com as pessoas saindo à rua para protestar, demostrando toda sua indignação, pois só assim poderemos promover a quebra da letargia que parece dominar os nossos congressistas, quebrando-a primeiramente em nós.
Não nos cabe esquecer o prejuízo que os atos de desvio de dinheiro público, causam a população mais necessitada, pois esses são os mais carentes de um melhor atendimento médico, da segurança e de uma melhor formação escolar, que passa por professores bem remunerados, boas escolas, esportes e até uma melhor alimentação. Também não podemos deixar de lembrar que muitos exemplos de honestidade ocorrem justamente na camada mais pobre da população, como nos casos de devolução de dinheiro encontrado em malas.
Pelo menos, parece haver uma percepção entre a população, que a presidenta Dilma Rousseff não compactua com os últimos acontecimentos, e não vai tolerar tais atos. Que essa disposição seja mantida para que os impostos que pagamos tenham uma destinação saudável e eficaz.