Artigo publicado no jornal Guará Hoje em dezembro de 2010
Os conceitos de moral e ética, embora diferentes, são freqüentemente usados como sinônimos. Podemos definir moral como o conjunto de normas adquiridas pela educação, tradição e pelo cotidiano, regulando o comportamento do homem na sociedade. Já ética, seria o cabedal de valores que dita o comportamento do homem em relação aos seus iguais, definindo o seu comportamento no meio social, ou seja, a reflexão que fazemos a respeito das noções e princípios que fundamentam a moral.
Conceitos à parte é dever de todo cidadão ser ético e moral, principalmente aqueles que são eleitos representantes do povo. Um ato pode ser considerado legal por possuir o amparo da Lei, mas este pode estar desprovido da moral e da ética. Exemplificando de forma simples: um jovem cidadão encontra-se sentado dentro de um coletivo, ao seu lado uma senhora grávida, ele tem o direito legal de permanecer no lugar que se encontra, pois ali chegou primeiro. Entretanto, o bom senso determina a qualquer um que se encontre nessa situação que ceda o lugar à gestante, o que, aliás, ensina os pais zelosos aos filhos desde tenra idade. Isso é ser ético, pois se cumpre o aprendizado determinado pela moral.
Segundo o IBGE, o salário médio do trabalhador brasileiro atingiu seu maior patamar em setembro de 2010: R$ 1.499,00 (um mil, quatrocentos e noventa e nove reais), sendo que uma grande parte ainda recebe apenas o salário mínimo, contrastando com o que recebe os parlamentares brasileiros, que além dos polpudos salários se deleitam com vários benefícios, tais como; ajuda moradia, cota de combustível, passagens aéreas, contratação de diversos assessores (não uso o termo “funcionários”, porque não o são) e por aí vai.
Não satisfeitos, recentemente os deputados federais auto se concederam um reajuste de 61,8%, já aprovado no Congresso e que causou um efeito cascata que bateu nas portas da Câmara Legislativa do Distrito Federal, sendo confirmada na calada da noite, pelas articulações promovidas pelos deputados distritais, que passam a receber salário de R$ 20.025,00, fora as benesses já mencionadas (um parlamentar do Distrito Federal tem direito a algo em torno de cem mil reais, para contratação de pessoal).
Mas, também, o que se pode esperar quando uma classe possui o poder de legislar em causa própria? E esta, em sua maioria é composta por pessoas que a cada legislatura provam só ter compromisso consigo mesmo (vide os escândalos do pretérito recente).
O desenrolar da história da humanidade nos demonstra que determinados comportamentos aceitos como “normais” no passado, são hoje considerados verdadeiras aberrações. Acreditamos que no futuro, alcançando o homem sua maturidade social, atitudes como essas, sejam banidas e consideradas vergonhosas. Pois o nosso parlamento pode agir na legalidade, porém, suas ações são imorais e desprovidas de qualquer comportamento ético. Lembrem-se, senhores deputados, o brasileiro é um povo cordato, mas exageros tem que ter limites