Futebol e Brasília

Por Gil DePaula

   O futebol – como reza a história – foi trazido ao Brasil em 1894, por Charles William Miller. Filho de um escocês e de uma brasileira com ascendência inglesa, aos nove anos foi estudar na Europa, e no extremo sul das ilhas britânicas aprendeu as regras e a pratica do jogo.

      Depois de dez anos na Inglaterra, Charles Miller retornou ao Brasil, trazendo na bagagem duas bolas fabricadas em Liverpool, que havia ganhando de presente de um companheiro do time de Southampton. Também trouxe uma bomba de ar, dois uniformes e um grosso livro de regras.

      A partir de então, qualquer garoto brasileiro sabe o que aconteceu; o futebol se tornou unanimidade no país, sendo considerada, sem qualquer desmerecimento, a paixão nacional, com centenas de clubes espalhados pelo Brasil afora, profissionais ou amadores.

        O país representado por seus melhores jogadores ganhou cinco copas do mundo, e teve aquele que foi considerado o atleta do século vinte: Pelé, que até hoje é considerado o jogador mais completo que pisou os gramados.

      O futebol, como catalizador das paixões, gera amor, revanches, comemorações, brigas, e principalmente receitas fabulosas traduzidas em grandes ganhos para clubes, jogadores, televisão e diversos profissionais ligados a ele.

    Porém, em Brasília, temos clubes pequenos com dirigentes míopes que não conseguem enxergar essa verdade. O amadorismo é tão grande que por duas vezes, dois representantes do Distrito Federal – Gama e Brasiliense – chegaram a elite do futebol (a chamada série A), e lá não conseguiram se manter.

       Trocas constantes de técnicos, poucos investimentos nos times de base, o uso dos chamados medalhões (jogadores veteranos) que ocasionalmente vem aqui apenas com intuito de engordar um pouco mais a conta bancária, são constantemente convocados para defender as cores dos times brasilienses quando das competições nacionais.

    Até o campeonato candango se tornou uma aberração, com viradas de mesa, desistência de clubes e trocas de farpas pela imprensa.

       Acredito que como eu vários brasilienses sonhavam em ter a abertura da copa ou a final em Brasília, já que somos a capital do país. Porém, não podemos imputar a culpa apenas aos dirigentes do nosso futebol, temos que dividir a culpa entre nós: população, imprensa, nossos políticos, que não soubemos ou não quisemos nos mobilizar para sermos atores principais dessa festa, e não simples coadjuvantes.

        Se o futebol tem um pai: Charles Miller, o futebol candango tem “madrastas más”, que não cuidam bem dos seus filhos!