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Por Gil DePaula
Estou orgulhoso! Estou orgulhoso por finalmente ver milhares de vozes se levantarem!
Estou orgulhoso porque sempre achei o Brasil um país de cordeiros, que continuamente são conduzidos ao matadouro da corrupção, dos descasos, dos desvios e impunidades sem dar um único balido.
Estou orgulhoso porque vivendo em uma democracia não necessitamos pegar em armas para protestarmos, quando temos a vaia como arma, um instrumento que pode se mostrar letal ao deixar governantes e dirigentes envergonhados, como vimos no Estádio Mané Garrincha.
Estou orgulhoso porque finalmente começamos a lembrar que temos gestantes a dar a luz em corredores de hospitais desaparelhados e sujos, e filas de doentes a implorarem atendimento, bem como médicos revoltados com a situação por qual passa a saúde pública.
Estou orgulhoso porque temos agora a oportunidade de levarmos às ruas do nosso país, nossa indignação por um dentista ser queimado vivo, um pai ter seu filho morto em seus braços, bandidos assassinando pessoas de bem, e vermos seus familiares verterem choros de perda e revolta diante das câmeras de televisão.
Estou orgulhoso de ver a massa se dirigindo ao congresso e assembleias municipais, pois é um recado inequívoco aos políticos do nosso descontentamento com suas atuações.
Estou orgulhoso porque os manifestantes nos forçam a lembrarmos que temos a sexta maior economia do mundo, com uma distribuição de renda miserável, com poucos com muito, e muitos com pouco.
Estou orgulhoso, mais acima de tudo torcendo para que este momento seja apenas o fio da meada de um grande movimento de conscientização, que se perpetue em uma cobrança sistemática aos nossos políticos, de se manterem honestos e trabalharem em função do país como é de sua obrigação.
Estou orgulhoso porque esses movimentos forçam o comando da polícia a repensarem suas táticas, e atuarem com energia, apenas quando realmente for necessário.
Estou orgulhoso porque a própria presidenta, reconheceu o que estava por trás das vaias recebidas por ela, e por trás das manifestações. Sabiamente se viu como a líder de uma classe que em sua maioria age sem classe, e entendeu mais do que nunca que sua voz ecoando contra a corrupção pode tilintar nos ouvidos da classe politica.
Estou orgulhoso, mas indignado com a violência, com a depredação, com o ataque aos bens públicos e privados.
E, às vezes, fico até orgulhoso de aos 55 anos de vida, ainda ser um idealista. Fazer o quê?
