Por Gil DePaula
Há muito tempo, num reino muito próximo, havia um garoto que se tornou rei quando tinha apenas cinco anos e teve seu governo colocado sob a regência de pessoas influentes do reino. Esse rei assumiu de fato a coroa ao completar quinze anos, instigado por setores do reino que o viam como a salvação de um país que se encontrava em crise. Do menino/adolescente inseguro, brotaria um homem altamente confiante, cordial, capaz e que nunca se alterava com ninguém e que seria amado pelo seu povo, trazendo progresso ao seu reino.
Entretanto, Pedro (esse era o nome do rei) gostava das artes em todas as suas manifestações. Para ele viajar era uma fonte de conhecimento e enriquecimento. Então, deixou a filha regendo o seu reino e foi ao turismo. A filha dele, Isabel, trouxe algumas modificações ao reino, e essas mudanças, como as Leis que protegiam ou libertavam alguns escravos, desagradaram grande parte da classe dominante, que articularam um golpe de estado para derrubar a monarquia vigente e impor a república no reino de Pedro. Fazendeiros, cafeicultores, políticos, militares, etc., unidos acabaram por alcançar seus objetivos e derrubaram a monarquia, Pedro e sua família foram deportados.
E os anos se passaram e a república instalada no antigo reino, ao longo deles se mostrou pérfida, criando uma classe dominante, onde sempre existem cidadãos de primeira e de segunda classe e as vezes de classe nenhuma.
Nas “Mil e Uma Noites” da nova república, uma história recente se destaca, é a lenda de Ali Brasil e os quarenta e cinco vagabundos: Ali Brasil é um país rico em vegetação, riquezas minerais e agrícolas, terras férteis, forte produção industrial, um povo jovial e trabalhador, porém complacente, que descuidado, não atinaram que com seu voto estavam instalando em uma caverna possuidora do curioso nome de Senado, bandidos da mais alta periculosidade, que unidos eram capazes de surrupiarem todo o tesouro de Ali Brasil, se tivessem oportunidades para isso.
Um dos vagabundos da quadrilha, talvez por ter esquecido a palavra mágica (“fecha-te gravação”) foi pego em flagrante delito e teve exposta parte da sua ladroagem em todos os recantos de Ali Brasil. Achou o povo, mais uma vez, que a oportunidade de se mostrar que o país estava sendo moralizado se apresentava.
Quando souberam da intenção dos cidadãos de Ali Brasil, que desejavam a punição exemplar a um de seus comparsas, os bandidos reunidos em sua caverna, cheia de riquezas, com orçamento maior de que algumas cidades de Ali Brasil, se riram e chegaram até as gargalhadas: Quem esse povinho pensa que é? Vão continuar comendo em nossas mãos! A corte suprema está conosco. Imbecis, agora vamos ter que fazer Leis que nos protejam ainda mais. Pobre que se exploda! (copiaram essa expressão de um grande humorista de Ali Brasil).
Mas, vou contar um segredo: ano que vem tem eleição e nós, povinho, se quisermos, mostraremos que toda fábula pode ter um novo final.