A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Inquisicao A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Não é possível negar o passado da Igreja Católica, seus tribunais, torturas e condenação. É como negar o Holocausto ou a Ditadura Militar. Curiosamente, há grupos religiosos que negam estas práticas extremas cometidas pela Igreja Católica. Circula na internet um texto de um apologeta cristão, que nega a perseguição promovida pela Igreja Católica contra cientistas e pensadores.

O texto dizia o seguinte: “Uma das alegações mais infantis, pueris e tolas que se podem vir dos apedeutas ateístas militantes, céticos desinformados e outros simplistas, é a alegação de que “a Igreja Católica queimava cientistas”.

Bom, além da alegação estar absurdamente mal feita (nem a Igreja nem a Inquisição “queimaram” alguém. Isto demonstra um péssimo entendimento simplório da relação entre Igreja e estado e poder civil), é mal formulada. É preciso entender muita coisa antes de se chegar a conclusões precipitadas…Em nenhum caso, houve qualquer coisa a ver com “perseguição e opressão da Igreja contra a ciência, o conhecimento e liberdade de pensamento”

Deixando de lado as ofensas e tentativas de rebaixamento propostas pelo autor e observaremos apenas a estrutura da ideia de que a Igreja nunca perseguiu e oprimiu a ciência, o conhecimento e liberdade de pensamento.

Primeiramente, argumentar que a Igreja Católica perseguiu e matou livres-pensadores não tem absolutamente nada a ver com militância. Havia alguns pensadores que criticavam a Igreja, em especial a trindade cristã, e alguns que foram acusados (ou eram de fato assumidamente) de ateísmo, mas isto não tem relação com militância ateísta, mas com o reconhecimento de parte da história da humanidade, em especial, aos brutais erros cometidos pela igreja que assumidamente matou muitos pensadores na Idade Média.

A alegação não é mal feita, ela apenas não é aceita por alguns proponentes e apologetas da causa cristã que pretendem negar o lado sombrio de sua própria história. Portanto, aqui estão alguns dos nomes de pensadores que foram perseguidos e/ou mortos pela Igreja Católica na Idade Média seu tribunal cristão e por quais acusações foram condenados.

Constatações

Constatações

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Portanto, não é uma alegação mal feita, mas uma constatação registrada historicamente, que o autor do comentário acima omitiu ou não assume, e pior; é reconhecida pela própria Igreja Católica. Em outras palavras, o autor do comentário acima está enganando as pessoas intencionalmente.

A primeira constatação de que a Igreja Católica matou, e matou muito, foi dada quando o Papa João Paulo II veio a público pedir perdão no dia 15/04/2004, pelos crimes de morte e tortura cometidos pela Santa Inquisição. Ele se desculpou pelos “erros cometidos a serviço da verdade por meio do uso de métodos que não têm relação com a palavra do Senhor“. O Papa disse, que o pedido de perdão valia “tanto para os dramas relacionados com a Inquisição quanto para as feridas deixadas na memória [coletiva] depois daquilo“.
A declaração papal foi lida em uma carta durante uma entrevista coletiva convocada para o lançamento de um livro sobre a Inquisição (Época, 2004).

Assim sendo, a própria Igreja Católica reconhece os erros e crimes cometidos contra a humanidade ao torturar, julgar e condenar pessoas em nome de uma verdade absoluta cristã.

Durante toda a Idade Média, houve uma luta pelo poder e imposição da verdade absoluta cristã da Igreja Católica sobre os cientistas e filósofos. A Igreja impunha-se como detentora da verdade sobre todos os assuntos, inclusive sobre a natureza. Essa atitude durante séculos impediu a liberdade investigativa da natureza; inicialmente no conhecimento grego que foi banido e a partir do século XII, com Tomás de Aquino e outros “pais da Igreja”, apresentado algumas visões filosóficas da natureza dos gregos que foram incorporadas na Teologia Católica e impostas à sociedade.

Dessa forma, a Igreja Católica concentrava-se em si mesma a autoridade para assuntos religiosos e da natureza: autoridade e autoritarismo a qual todos deviam se submeter, sob ameaças de terríveis punições (Gruning, 2007).

Inclusive, justamente esta concentração de autoridade que desencadeou a Reforma Protestante que começou em 1517. Ela surge exatamente para protestar e bater de frente contra o poder da Igreja Católica em delimitar o que era certo e errado, argumentando que os princípios do cristianismo deveriam ser dados pelas Cinco Solas e não por uma imposição de uma Igreja que se autoproclama detentora da verdade.

Ciência

Ciência

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A ciência surge de forma, obviamente submissa a autoridade e poder da religião. Galileu que é um dos pais da ciência foi pressionado a se retratar diante do tribunal da Inquisição, dizendo que era falsa a ideia de que a Terra girava em torno do seu eixo e em torno do Sol.

As primeiras Universidades surgiram de antigos monastérios. Com a modernidade, a filosofia da natureza desenvolveu seus próprios métodos de investigação, e ciência se voltou contra a religião, tornando-se institucionalmente laica, isto é, independente da Igreja. Fato que muitos fundamentalistas não aceitam até os dias de hoje (vide os negacionistas da Teoria da Evolução, Big Bang ou Biopoese).

Na Idade Média, muitos cientistas foram perseguidos, censurados e até condenados por defenderem ideias contrárias à doutrina cristã. O caso mais comum foi protagonizado pelo, já citado, astrônomo italiano Galileu Galilei que quase foi condenado à fogueira por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). Teve que censurar sua própria afirmativa para não perder a vida: ou seja, foi perseguido. A mesma sorte não teve o cientista italiano Giordano Bruno que foi julgado e condenado a morte pelo tribunal.

Giordano Bruno foi condenado por sustentar opiniões contrárias à fé católica ao apoiar a visão copernicana. Sua condenação foi resumida em: contestar ministros da igreja, negar à fé católica sobre a Trindade, a divindade de Cristo e a encarnação, a Jesus como Cristo, a virgindade de Maria mãe de Jesus e a Transubstanciação quanto a Missa. Também por reivindicar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades. Por acreditar em metempsicose e na transmigração da alma humana e envolvimento com magia e adivinhação (Firpo, 1993).

Era Medieval

Era Medieval

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Historicamente, o início da Idade Média (a Era Medieval), é caracterizada pela queda do Império Romano do Ocidente no ano 476 (século V), e persiste até por volta de 1500. Entretanto, a perseguição propelida pela Igreja Católica persiste por muito mais tempo, ocorrendo do Renascimento até o Iluminismo.

O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição foi fundado pelo Papa Gregório IX (1.145 – 1.241), que mandou para a fogueira milhares de pessoas que foram consideradas hereges, ou seja, que seguiam doutrinas ou práticas contrárias ao que era definido pela Igreja Católica (atos considerados bruxaria, heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não fosse o catolicismo).

Curiosamente, os alquímicos eram considerados bruxos, mas foram importantes para o desenvolvimento da ciência. Os “bruxos” foram os criadores do Oleum vitriolum e da Aqua fortis conhecidos respectivamente hoje como ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3).

Grande parte do conhecimento que a ciência teve sobre anatomia, química e matemática foi produzido por pessoas em situações que eram condenáveis pela Igreja Católica.

Da Vinci, que fez preciosos esboços de anatomia, abria corpos durante a madrugada para cortá-los e pintar suas obras, pois a Inquisição considerá-lo-ia praticante de bruxaria se fosse descoberto.

A Defesa dos Apologetas Cristãos

A Defesa dos Apologetas Cristãos

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É comum que proponentes de visões religiosas (como apologetas) defendam que sem os pressupostos do cristianismo, a ciência moderna não existiria, ou que teorias como o Big Bang partem de pressupostos cristãos inseridos na estrutura filosófica da ciência.

Esta defesa é falsa, porque apesar da ciência tal qual a conhecemos hoje ter dado seus primeiros passos em uma Europa cristã fervorosa, devemos lembrar que sua estrutura filosófica começou a ser formalizada no Renascimento. Período este que nada mais é do que uma revitalização dos princípios clássicos gregos e romanos, e uma época de quebra desta relação de poder da teologia dos séculos anteriores. Além, claro, de grande parte da ciência ter sido influenciada pelos árabes.

Portanto, é verdade que a química moderna tem origem na alquimia, que não era considerada ciência. Da mesma forma que a astrologia continua errada em relação a astronomia. A diversidade das espécies que encontramos na natureza, é melhor explicado pela evolução darwiniana.

Com a teoria do Big Bang não é diferente. Ela não pode ser reduzida a uma concepção cristã porque o Universo teve uma origem. Alguns proponentes da fé cristã alegam que a teoria do Big Bang parte de pressupostos cristão: esta defesa é tendenciosa.

Este tipo de alegação parte de uma profunda lógica reducionista anticientífica que é usada para fundamentar a si mesmo:
1) se o Universo teve origem, então o cristianismo está certo;
2) se o Universo não teve origem, então o budismo (ou qualquer outra religião que sustente algo próximo) está certo;
3) como a ciência diz e justifica empiricamente a origem do universo, então o cristianismo acertou;
4) logo, o Big Bang é uma teoria fundamentada no cristianismo e que comprova sua veracidade.

Esta argumentação parte de uma série de pressupostos que nada mais é do que uma forma de catequizar (evangelizar) a ciência. Isto porque a afirmativa científica e os dados propostos pelos cosmólogos em momento algum faz uso de pressupostos religiosos.

De certa forma, esta lógica não é absolutamente nada diferente do que a Igreja Católica fez na Idade Média; subverter o conhecimento a uma forma de dominação da religião.

A Opressão da Igreja Católica

A Opressão da Igreja Católica

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Historicamente, é perceptível a ascensão da autoridade e domínio opressor da Igreja Católica sobre dos povos. Em 1252, a situação piorou quando o Papa Inocêncio IV publicou um documento chamado “Ad Exstirpanda”, onde autoriza o uso da tortura como forma de conseguir a conversão. O documento foi sendo renovado pelos papas seguintes reforçando o poder da Igreja e a perseguição (Bishop, 2006).

Houve inclusive a criação do Malleus Maleficarum, título original em latim do chamado “O Martelo das Bruxas” publicado em 1486 ou 1487 pelos dominicanos Heinrich Kraemer e James Sprenger, na Alemanha (Broedel, 2002), em cumprimento à bula papal Summis Desiderantis Affectibus de Inocêncio VIII.

Era um manual de tortura completo que descrevia e ensinava os métodos mais dolorosos de tortura e como aplicá-los aos praticantes de heresias. Ele tornou-se o principal guia dos inquisidores pelo restante do século XV e séculos seguintes (embora outros manuais tenham sido escritos no período), sendo um dos mais perversos e cruéis utilizado para torturar e matar quem fosse considerado herege (Rodrigues, 2012).

O Index Librorum Prohibitorum, em tradução livre o “Índice dos Livros Proibidos”, teve sua primeira versão promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e estabeleceu uma lista de publicações literárias, que eram proibidas pela Igreja Católica. As regras para que um livro entrasse nessa lista eram as teorias que a Igreja Católica Apostólica Romana não apoiasse (Cambridge, 1999). Nessa lista, estavam livros que iam contra os dogmas da Igreja.

Os Perseguidos

Os Perseguidos

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Muitos pensadores e cientistas entraram nesta lista: Giordano Bruno, Nicolau Maquiavel, Voltaire, Erasmo de Roterdã, John Locke, Berkeley, Denis Diderot, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, Montesquieu, David Hume ou Immanuel Kant, Pascal, Dante de Alighieri (na qual a igreja Católica idealizou a noção atual de inferno, bem caracterizada nos quadros de Botticelli), Descartes, Jean-Jacques Rousseau.

A trigésima segunda edição do Index, publicada em 1948, continha mais de 4000 títulos censurados por várias razões: heresia, deficiência moral, sexualidade explícita, incorreção política, etc. O Index foi abolido somente em 14 de junho de 1966 pelo Papa Paulo VI (Cambridge, 1999).

Nota-se, então, que não é possível defender a tese de que a Igreja Católica não perseguia quem quer que seja.

Gustav Henningsen e Jaime Contreras estudaram os registros da Inquisição Espanhola, que lista 44.674 casos, dos quais 826 resultaram em execuções e 778 em efígies (criação de bonecos de palha que eram queimados no lugar da pessoa) (Henningsen, 1992).

William Monter estima que mil execuções ocorreram entre 1530-1630. E duzentos e cinquenta entre 1630-1730 (Monter, 2003).

Jean-Pierre Dedieu estudou os registros do tribunal de Toledo, que colocou doze mil pessoas em julgamento (Dedieu, 1981).

A Inquisição

A Inquisição

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A Inquisição Espanhola foi uma instituição fundada em 1478, por Fernando II de Aragão, e Isabel de Castela, para manter a ortodoxia Católica em seus reinos.

No período anterior a 1530, Henry Kamen estima que houve cerca de duas mil execuções em todos os tribunais da Espanha (Kamen, 2004).

Os tribunais eclesiásticos atuaram inclusive no Brasil, em especial, em Minas Gerais, entre 1700 e 1820, onde aconteceram novecentos e oitenta e nove denúncias nas comarcas do Rio da Morte, do Rio das Velhas, do Serro do Frio e na de Vila Rica (Resende et al, 2015).

Os registros de tortura e condenação são muito maiores do que aqueles direcionados apenas a cientistas e pensadores que tinham pensamentos diferentes aos da Igreja Católica. A perseguição começou cedo.

Boécio

Boécio

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No ano 520 o filósofo Boécio tornou-se chefe de todos os serviços governamentais e judiciais na administração de Teodorico “O Grande” na Panônia, uma antiga província do império Romano.

Boécio era um homem da ciência, helenista dedicado interessado em traduzir todas as obras de Aristóteles para o latim e harmonizá-las com as obras de Platão.

Mesmo sendo cristão, por razões desconhecidas (aparentemente de natureza político-religiosa) o imperador Teodorico (que era cristão arianista) ordenou que Boécio fosse morto. Ele foi executado aos 44 anos no dia 23 de outubro de 524, depois de um período na prisão durante o qual ele escreveu sua obra mais famosa a De Consolatione Philosophiae (ou Consolação da Filosofia) (Richards, 1979).

Por mil anos, os únicos filósofos atuantes foram aqueles que a Igreja permitia. Milhares de homens perseguidos pela escolástica (estrutura monástica teológica da Idade Média que tentou conciliar fé e razão).

Abelardo

Abelardo

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Abelardo (1079-1142) foi um dos melhores filósofos clericais do século 12. Sua fama e ideias lhe rendeu muitas críticas de seus colegas escolásticos e ele foi repetidamente julgado por heresia do sabelianismo (crença não-trinitária) em um sínodo provincial em Soissons em 1121.

Seus ensinamentos o levaram a queimar seu livro antes de ser encarcerado no convento de St. Medard em Soissons. Mais tarde, em 1141 um conselho da igreja acusou-o de uma série de novas heresias. Sua condenação foi confirmada por Roma, um ano mais tarde. Ele morreu a caminho de Roma, com a intenção de recorrer a sentença (Marenbon, 2004).

Amaury de Chartres

Amaury de Chartres

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Amaury de Chartres era um nativo de Bene, perto de Chartres. Ele viveu em Paris, onde deu aulas de lógica e ensinando sobre panteísmo. Por sua obra Physion, foi condenado pela bula do Papa de Inocêncio III em 1204 e queimado na fogueira.

Dez dos seus discípulos, também foram queimados em Paris, em 20 de dezembro de 1210. Mesmo depois de morto, seus ossos foram exumados e colocados nas chamas novamente (Geschichte Häresie).

Roger Bacon

Roger Bacon

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Roger Bacon (1214-1294) foi um filósofo Inglês e frade franciscano que deu ênfase no estudo da natureza através de métodos empíricos. Foi um dos primeiros defensores europeus do método científico moderno e é conhecido como “Doctor Mirabilis” (professor maravilhoso).

Bacon escreveu o Opus Majus que contém tratados de matemática, ótica, alquimia e as posições e tamanhos dos corpos celestes. Até então, a Igreja não pautava sua ciência nas observações do mundo natural, mas nos argumentos de autoridade bíblica e nas ideias de Aristóteles. Em seus escritos, Bacon fez um chamado para uma reforma do estudo teológico. Ele era fluente em várias línguas e lamentou a corrupção de escrituras, das obras dos filósofos gregos, especialmente por erros de tradução e más-interpretações.

Ele defendeu estudo experimental sobre a autoridade e rejeitou as autoridades cegas tanto no estudo teológico quanto científico. Bacon também criticou o calendário juliano, descrevendo-o como risível (ou ridículo) propondo sua reforma. Ele ressaltou que “as coisas deste mundo não podem ser conhecidas sem o conhecimento da matemática”, e criticou filósofos escolásticos da Igreja.

Foi periodicamente perseguido e preso, embora os registros sejam limitados. Ele também foi acusado de praticar magia (uma acusação padrão contra pensadores originais) e de “novidades suspeitas”.

Certamente, a Igreja não gostava de sua originalidade e suas atividades, especialmente depois do ano 1250 quando livros foram restringidos por um estatuto estabelecido por um franciscano que proibiu a publicação de livros ou panfletos.

Bacon era amigo do Papa Clemente que lhe dava certa proteção. Em 1268 o Papa morreu e Bacon perdeu o seu protetor.

As condenações de 1277 proibiram o ensino de certas doutrinas filosóficas, incluindo a astrologia determinista. Nos próximos dois anos, Bacon foi aparentemente preso ou posteriormente colocado sob prisão domiciliar.

A primeira referência a prisão de Bacon ocorreu oitenta anos após sua morte sob a acusações não especificadas e chamadas apenas de “novidades suspeitas” (Maloney, 1988). Apesar de perseguido e preso terminou sua vida em liberdade.

Pietro d’Abano

Pietro d’Abano

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Pietro d’Abano (1257- 1315), também conhecido como Petrus De Apono ou Aponensis d’Abano era um filósofo, matemático, físico e professor de medicina em Pádua, na Itália. Ele foi acusado de praticar magia, com a ajuda do diabo e argumentaram que ele possuía a pedra filosofal.

Seu verdadeiro crime parece ter sido a aquisição do conhecimento das sete artes liberais: trivium (lógica, gramática, retórica). E do quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia), que eram consideradas as disciplinas próprias para a formação de um homem livre.

Foi acusado de ter negado o papel de anjos e demônios em controlar a natureza. Ele foi pego duas vezes perante a Inquisição Medieval. Na primeira ocasião, ele foi absolvido, mas alguns inquisidores nunca ficaram satisfeitos com a sua absolvição e o prenderam novamente.

Ele morreu em uma prisão da Inquisição em 1315. Antes de seu segundo julgamento ser concluído. Ele foi considerado culpado. Mesmo depois de morto seu corpo foi condenado a ser exumado e queimado. Entretanto, um amigo tinha secretamente removido seu corpo, fazendo com que a Inquisição proclamasse a queima pública em praça (Chisholm, 1911).

Cecco d’Ascoli

Cecco d’Ascoli

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Cecco d’Ascoli (1257-1327) foi um polímata italiano que estudou matemática e astrologia. Em 1322 foi professor de astrologia na Universidade de Bolonha. Seus discursos de livre pensamento e simplicidade fizeram com que ganhasse muitos inimigos na Igreja, sendo acusado de impiedade.

Ele foi condenado por heresia em 1324 a cumprir jejuns e orações, e ao pagamento de uma multa, mas isso não o impediu (Chisholm, 1911). Ele foi julgado e condenado por recair em heresia e foi queimado vivo em Florença em 26 de setembro, 1327.

Eckhart von Hochheim

Eckhart von Hochheim

meister-eckhart-12835f87-af07-4c0f-9804-85b0939506b-resize-750 A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Eckhart von Hochheim (1260-1327) foi um teólogo e filósofo alemão. Seu trabalho influenciou grandes filósofos alemães nos séculos seguintes. Conceitos introduzidos na metafísica por Eckhart desviaram-se da escolástica e suas ideias inovadoras irritou muitos clérigos.

Ele foi repetidamente acusado de heresia e inicialmente escapou das acusações vivo. Em Colônia, o arcebispo Hermann von Virneburg mais uma vez o acusou de heresia, e novamente ele foi inocentado.

O arcebispo pressionou suas acusações de heresia contra Eckhart e contra seu protetor, e apelaram ao Papa pela sua condenação, mas não obtiveram sucesso.

Após várias tentativas e muitas defesas a Inquisição se recusou a aceita seu recurso e em 22 de fevereiro 1327 Eckhart foi condenado por heresia. Nada mais se sabe sobre ele, pois a partir de então seus registros de vida sumiram. Assume-se que tenha morrido logo em seguida.

O Papa João XXII emitiu um documento em 1329, estabelecendo que as declarações de Eckhart eram heréticas. Sabe-se que Eckhart foi excomungado antes de desaparecer (McGinn, 2001).

William de Ockham

William de Ockham

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William de Ockham (1288-1348) foi um frade franciscano inglês e filósofo escolástico conhecido por ter proposto o princípio lógico da navalha em que estabelecia que o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades era o que explicava melhor um determinado fenômeno (Patriquin, 2007).

Ele estudou teologia na Universidade de Oxford entre 1309 a 1321 e defendeu uma reforma da escolástica, tanto no método quanto no conteúdo teológico e é tão importante para ciência quanto os pensadores Renascentistas. Isto porque foi um importante pensador e crítico da escolástica. Exatamente por ser escolástico a criticava, por conhecer suas falhas.

Ockham escreveu fórmulas na lógica proposicional, que posteriormente foram chamadas de Leis de De Morgan; e formulava a simplificação de expressões em álgebra booleana.

Ele investigou a lógica ternária, um conceito que viria a ser retomado na lógica matemática do século 19.  Seus avanços e críticas não foram bem recebidos pelas autoridades da igreja. Em 1324, alguns de seus comentários foram condenados por um sínodo de bispos, em Avignon (residência papal na França).

Chamado para se defender perante um tribunal papal foi condenado por dois anos, e preso em uma casa franciscana.Foi condenado como herege em 1326.

Temendo a execução, Ockham e outros simpatizantes franciscanos fugiram de Avignon em 26 de Maio 1328. Refugiou-se na corte do Imperador Romano-Germânico Louis IV da Baviera.

Ockham escreveu tratados que defendiam o Rei Louis para ter o controle supremo sobre a Igreja e o Estado no Império Romano. Por isto, Ockham foi excomungado pelo Papa João XXII (McGrade, 1974).

Wiliiam Tyndale

Wiliiam Tyndale

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Wiliiam Tyndale (1484-1536) também passou por maus bocados por traduzir a Bíblia em inglês. Tyndale estudou as escrituras e começou a defender as teses da Reforma Protestante, muitas das quais eram consideradas heréticas, primeiro pela Igreja Católica que passou a persegui-lo e depois pela Igreja Anglicana.

As traduções de Tyndale foram banidas pelas autoridades e o próprio Tyndale foi queimado na fogueira em 1536 em Vilvoorde (Bruxelas), na atual Bélgica, sob o comando de agentes de Henrique VIII e a Igreja Anglicana (Tyndale).

Pouco tempo depois começou o episódio com Galileu e as acusações. Papa Urbano VIII então propôs a Galileu escrever um livro no qual ele poderia ao mesmo tempo dar a palavra aos partidários da tese aristotélica e sugerir o heliocentrismo.

Galileu escreveu o Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo), que foi lançado em 1632. Nele, Veneza serve de cenário para três protagonistas que, ao longo de quatro dias, enfrentam-se numa justa oratória.

Filippo Salviati

Filippo Salviati

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Filippo Salviati, um florentino que fala pela boca do autor, Giovanni Francesco Sagredo, um eruditto veneziano que é encarregado de encarnar a neutralidade do ponto de vista, e Simplicius que, precário defensor da tradição ptolomaica, sofre o tiro cruzado dos outros dois e fica com fama de tolo.

A obra se assemelhava a um discurso em defesa da doutrina de Nicolau Copérnico. Não apenas colocou a prova do movimento da Terra, mas também ridicularizou o argumento e várias pessoas, inclusive o Papa (Historia Viva).

Johannes Kepler

Johannes Kepler

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Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo e matemático alemão, considerado figura-chave da revolução científica do século XVII. É mais conhecido por ter formulado as três leis fundamentais da mecânica celeste, conhecidas como Leis de Kepler.

Em sua vida, Kepler foi diversas vezes perseguido pela Contrarreforma Católica. A Contrarreforma, também conhecida por Reforma Católica é o nome dado ao movimento que surgiu no seio da Igreja Católica como resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517.

Sua família foi perseguida por bruxaria e Kepler faleceu em 1628, durante a Guerra dos Trinta Anos. Sua vida e trabalho assinalam o nascimento da astronomia moderna (Costa, 2006).

René Descartes

René Descartes

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René Descartes (1596-1650) era um filósofo francês, matemático e escritor que passou a maior parte de sua vida adulta na república holandesa. Ele é considerado o “pai da filosofia moderna” e suas obras são estudadas até hoje, em especial O Discurso do Método.

Embora ele fosse um católico romano, sua abordagem cética abriu a caminho para o fim do escolastiquíssimo e o nascimento da filosofia moderna.

Quando Galileu foi condenado pela Inquisição Romana em 1633, Descartes abandonou os planos para publicar sua Traité du Monde, uma obra que lhe custou quatro anos, e queimou o manuscrito.

Em sua época, Descartes foi acusado de defender segredos deístas ou crenças ateístas. Em 1641 suas “Meditações Sobre a Filosofia Primeira” irritou o clero e o fez fugir de seu país.

Sua filosofia foi condenada pela Universidade de Utrecht em 1643. Ele ganhou asilo pela Rainha da Suécia e morreu em Estocolmo em 1650.

Em 1663, o Papa colocou suas obras no Index Librorum Prohibitorum, especialmente o livro “Meditações sobre Filosofia Primeira” que é um texto padrão na maioria dos departamentos de filosofia em universidades ocidentais (Pacievitch, 2013).

Miguel Servet

Miguel Servet

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Miguel Servet (1511-1553) era um humanista espanhol. Polímata versado em matemática, astronomia e meteorologia, geografia, cartografia, anatomia humana, medicina e farmacologia, bem como a jurisprudência em traduções, poesia e o estudo acadêmico da Bíblia em suas línguas originais. Ele é conhecido na história de vários destes campos, particularmente na medicina. Ele foi o primeiro europeu a descrever corretamente a função da circulação pulmonar.

Participou da Reforma Protestante e passou a negar a Trindade. Foi condenado por católicos e protestantes. No dia 04 de abril de 1553 foi preso por autoridades católicas romanas em Vienne. Servet escapou da prisão, três dias depois.

Uma efígie e seus livros foram queimados na sua ausência. Fugindo para a Itália, Servet foi para Genebra, onde Calvino e seus reformadores o havia denunciado.

Foi preso em Genebra e em 17 de junho, ele foi condenado por heresia por suas 17 cartas enviadas por Jehan Calvin e condenado a ser queimado. Inquisidores franceses pediram para que Servet fosse extraditado para a França, mas Calvin preferido que Servet fosse executado pelos protestantes.

Ele foi queimado na fogueira como herege no dia 27 de outubro de 1553, por decisão do Conselho do BCE Protestante de Genebra (McNeill, 1954).

Gerolamo Cardano

Gerolamo Cardano

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Gerolamo Cardano (1501-1576) era um filósofo italiano e polímata. Ele escreveu mais de 200 obras sobre filosofia, medicina, matemática, física, religião e música. Ele formulou regras da probabilidade, tornando-o um dos fundadores do campo.

Ele foi o primeiro matemático a fazer uso sistemático de números negativos. Publicou as soluções das equações cúbicas e quárticas em um livro de 1545.

Na medicina, ele foi o primeiro a descrever a febre tifóide. Ele inventou vários dispositivos mecânicos, incluindo o fechamento de combinação, o cardan, e o eixo Cardânico com juntas universais.

Foi um dos primeiros a afirmar que as pessoas surdas podem aprender a ler e escrever sem aprender a falar primeiro.

Cardano foi acusado de heresia em 1570 porque tinha calculado o horóscopo de Jesus dezesseis anos antes e principalmente, por causa de sua mente racionalista.

Ele foi preso e passou vários meses na prisão, foi forçado a renunciar seu cargo de professor, mas parece ter sobrevivido a Inquisição graças a amigos que o ajudaram. Ele foi premiado com uma pensão pelo Papa Gregório XIII (Westfall, 2012).

Desiderius Erasmus

Desiderius Erasmus

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Desiderius Erasmus (1466 – 1536) ou Erasmo de Rotterdam, era holandês, erudito clássico, pensador renascentista humanista, crítico social, escritor e professor. Erasmus foi um dos primeiros defensores da tolerância religiosa, e recebeu o título de “príncipe dos humanistas”.

Ele preparou edições latinas e gregos do Novo Testamento e levantou questões que seriam influentes na Reforma Protestante. Ele era crítico dos abusos generalizados dentro da Igreja Católica. Entre os principais objetos de seu ataque eram os excessos da Igreja e os princípios da vida em ordens religiosas.

Membros do movimento Contrarreforma Católica muitas vezes condenaram Erasmus como tendo “posto o ovo que chocou a Reforma.” Sua erudição e enorme e popularidade era assegurada por sua segurança pessoal, mas todas as suas obras foram colocadas no Index pelo Papa Paulo IV (Hoffmann, 1989).

Étienne Dolet

Étienne Dolet

2319135lp-2319136-article-jpg_4464882_660x281 A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Étienne Dolet (1509-1546) era um estudioso francês e tradutor. Enquanto estudava Direito na Universidade de Toulouse foi jogado na prisão e banido por decreto do parlamento por suas opiniões religiosas.

Dolet foi criticado por católicos e protestantes, em parte por causa de suas opiniões antitrinitárias e parcialmente por causa de sua defesa ao racionalismo, que ambas Igrejas viam como anticristãs.

Seus inimigos conseguiram aprisioná-lo em 1542 sob a acusação de ateísmo. Depois da prisão por quinze meses, ele foi liberado.

Ele escapou de uma nova prisão em Piedmont no ano de 1544, mas, ao se aventurar de volta a Paris foi novamente preso e marcado como um ateu pela Faculdade de Teologia da Sorbonne. Foi torturado e em seguida, no dia 03 de agosto de 1546, foi estrangulado e queimado em Maubert no dia do seu aniversário de 37 anos.

Dolet foi apelidado de “mártir da Renascença”, e a justificativa de sua morte foi a heresia de transportar um pacote de suas publicações para o mercado local, onde ele e seus livros foram queimados juntos. Seus bens foram confiscados e sua viúva e filhos foram despejados, vivendo da mendicância (Chisholm, 1911).

Bernardino Telesio

Bernardino Telesio

bernardino-telesio A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Bernardino Telesio (1509-1588) era um filósofo italiano e cientista naturalista. Sua ênfase na observação fez dele o “primeiro dos modernos” que eventualmente desenvolveu o método científico. Ele estudou ciência e filosofia que constituíram o currículo dos savantes renascentistas. Como outros filósofos, ele atacou o aristotelismo medieval e a escolástica.

Seus pontos de vista despertaram a ira da Igreja por causa de seu racionalismo e seus argumentos convincentes contra o aristotelismo. Ele também não fez distinção alguma entre a física supralunar e sublunar, como a Igreja fazia na época.

Ele também argumentou que, se a alma é influenciada por condições materiais, em seguida, a alma deve ter uma existência material. Ele foi uma grande influência no desenvolvimento do empirismo científico e filosófico e uma figura importante na história da filosofia. Pouco tempo depois de sua morte, seus livros foram colocados no Index (Chisholm, 1911).

Pierre Charron

Pierre Charron

15294202-old-engraved-portrait-of-pierre-charron-french-catholic-theologian-and-philosopher-by-unidentified-a A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Pierre Charron (1541-1603) era um teólogo francês, católico, filósofo e um discípulo e contemporâneo de Michel Montaigne. Depois de estudar Direito, ele se tornou um padre. Ele promoveu uma série de ideias que poderia facilmente ter conduzido a sua detenção pelas autoridades da Igreja, incluindo a impossibilidade de uma alma imaterial e críticas a superstição.

Ele foi atacado, em particular pelo jesuíta François Garasse, que o considerou ateu. Ele conseguiu manter o patrocínio de simpatizantes poderosos, e assim escapou da prisão e execução.

Ele morreu repentinamente de derrame em 1603. Uma das suas principais obras é um livro especialmente cético: De la sagess, que considerava aspectos do cristianismo totalmente antirracionais e recebe hoje uma atenção renovada pelos filósofos. Hoje, Charron é considerado como um dos fundadores do secularismo moderno (Kraye, 1990).

Pomponio Algerio

Pomponio Algerio

Pomponio A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Pomponio Algerio (1531-1556) era um estudante de direito civil da Universidade de Pádua, cujas ideias filosóficas atraíram a atenção da Inquisição Romana. Ele defendia que “a Igreja Católica Romana é uma Igreja particular e nenhum cristão deveria limitar-se a qualquer Igreja particular. Esta Igreja se desviava em muitas coisas da verdade”.

Depois de um ano de prisão, ele ainda se recusou a se retratar. As autoridades venezianas não iriam concordar com uma execução, de modo que o Papa Paulo IV enviou funcionários para extraditá-lo para Roma.

Em Roma, no dia 21 de Agosto, 1555, um monge visitou Pomponio em sua cela estimulando-o a arrepender-se. Se ele não se arrependesse seria estrangulado. O estudante de 24 anos de idade, recusou-se e um método alternativo de tortura e execução foi aplicado.

Em 22 de agosto de 1556 Algerio foi executado na Piazza Navona. Mantendo a compostura enquanto foi queimado em praça pública com óleo quente. Ele permaneceu vivo por 15 minutos antes de falecer (Grendler, 2004).

Lucilio Vanini

Lucilio Vanini

lucilio-vanini-5ed89287-2c43-4dfd-8777-1c25fec5550-resize-750 A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Lucilio Vanini (1585-1619) era um livre-pensador italiano, que em suas obras denominou-se Giulio Cesare Vanini. Ele estudou filosofia, teologia, medicina e astronomia.

Igualmente a Giordano Bruno, ele mostrou as fraquezas da escolástica. Ele se tornou um padre e um professor, viajando pela Europa, sempre sob suspeitas por seus pontos de vista.

Ele escreveu contra o ateísmo, aparentemente em uma tentativa de dissipar suspeitas sobre suas crenças não convencionais. Em 1618 foi preso, e depois de um julgamento foi condenado a ter a língua cortada, ser estrangulado, queimado em uma fogueira até o corpo virar cinzas. A sentença foi aplicada em 09 de fevereiro de 1619 (Westfall, 2014).

Cesare Cremonini

Cesare Cremonini

Cesare_Cremonini_%28d%C3%A9tail%29 A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Cesare Cremonini (1550 – 1631), era um professor italiano da filosofia natural, apoiando o racionalismo e materialismo aristotélico dentro da tradição escolástica. Estes dois pontos de vista eram condenáveis para a Igreja, porque se opunham a revelação e a imortalidade dualista da alma.

Padres em Veneza acusaram-no de materialismo (e, portanto, o ateísmo) e, em seguida, suas acusações chegaram a Roma. Ele foi processado em 1604 pela Inquisição romana por ateísmo e heresia Averroista de “dupla verdade”. Na época, Pádua estava sob domínio veneziano Tolerante, ele então, foi mantido fora do alcance da Inquisição, por isso evitou o julgamento.

Ele é um excelente exemplo do efeito da Igreja sobre filósofos e pensadores-livres. Embora reconhecido como uma mente brilhante, não fez quase nenhuma contribuição para a ciência ou para a filosofia moderna e é lembrado principalmente como um dos estudiosos que se recusavam a olhar pelo telescópio de Galileu.

Quando Galileu anunciou que havia descoberto montanhas na Lua, em 1610, ele ofereceu a Cremonini a oportunidade de observar a evidência através de um telescópio. Cremonini, ciente do poder da Inquisição relutante recusou-se até mesmo a olhar através do telescópio e insistiu que Aristóteles tinha provado que a Lua só poderia ser uma esfera perfeita, de acordo com o ensinamento da Igreja (Addington, 1887).

Tommaso Campanella

Tommaso Campanella

04b2fb0c20704ee574d65a8e5146af80_L A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Tommaso Campanella (1568-1639) era um filósofo, teólogo, astrólogo, e poeta italiano cujos pontos de vista, especialmente sua oposição à autoridade de Aristóteles, colocou em conflito direto com as autoridades eclesiásticas. Ele foi denunciado à Inquisição Romana e no Tribunal do Santo Ofício em Roma, sendo preso em um convento até 1597. Posteriormente foi capturado e preso em Nápoles, onde foi torturado na cremalheira.

Ele fez uma confissão completa e teria sido condenado à morte se não tivesse fingido uma suposta loucura. Foi torturado por sete vezes ficando aleijado e doente. Depois foi condenado a prisão perpétua.

Campanella acabou passando vinte e sete anos preso em Nápoles, nas condições mais deploráveis que um ser humano poderia ficar. Durante sua detenção, ele escreveu suas obras mais importantes e posteriormente libertado em 1626, pelo Papa Urbano VIII, que, pessoalmente, intercedeu em seu nome com Filipe IV da Espanha.

Levado para Roma e mantido por um tempo pela Inquisição, Campanella foi restabelecido a liberdade em 1629. Ele viveu por cinco anos em Roma, onde foi assessor de Urbano em assuntos astrológicos.

Em 1634, em uma nova conspiração na Calábria, surgiu novas ameaças de condenação. Com a ajuda do cardeal Barberini e o embaixador francês de Noailles, ele fugiu para a França, onde foi recebido na corte de Louis XIII.

Protegido pelo Cardeal Richelieu e recebeu uma pensão do rei, passou o resto de seus dias em o convento de Saint-Honoré, em Paris (Firpo, 1974).

François de La Mothe Le Vayer

François de La Mothe Le Vayer

1955.1867 A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

François de La Mothe Le Vayer (1588-1672) era um escritor francês, professor e pensador. Ele foi admitido na Academia Francesa em 1639, e foi o tutor de Luís XIV. Escreveu uma série de livros de geografia, retórica, moralidade, economia, política e da lógica.

Modesto e cético tornou-se popular na corte francesa. Ele praticou uma crítica erudita, e cuidadosamente escondida sobre a hipocrisia religiosa. Ele foi fundamental em popularizar Ceticismo na França.

Suas obras filosóficas incluem De la vertu des païens de 1642; (Sobre a bondade dos Pagãos); um tratado intitulado Du peu de certitude qu’il y a dans l’histoire em 1668 (Sobre a falta de Certitude na História), que marcou o começo da crítica histórica na França.

Além disto, escreveu cinco textos céticos chamados de Dialogues, publicados postumamente sob o pseudônimo Orosius Tubero, falando sobre a diversidade de opiniões, a variedade de costumes de papéis na vida e sexo, o valor da solidão, a virtude dos tolos de seu tempo, e as diferenças de religião.

Théophile de Viau

Théophile de Viau

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Théophile de Viau (1590-1626) entrou em contato com as ideias de Epicuro e do filósofo italiano Lucilio Vanini que questionavam a imortalidade da alma.

Em 1622, uma coleção de poemas licenciosos, Le Parnasse satyrique, foi publicado sob o nome dele. Ele foi denunciado pelos clérigos no ano seguinte, acusado de ateísmo. Foi condenado a aparecer com os pés descalços em Notre Dame a ser queimado vivo.

Passou a se esconder, assim a sentença foi executada em uma efígie. O veredicto causou tal clamor na sociedade, que cada vez mais se tornava secular e liberal que, quando ele foi capturado, sua sentença foi alterada para o banimento permanente.

Kazimierz Lyszczynsk

Kazimierz Lyszczynsk

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Kazimierz Lyszczynsk (1634-1689) era um nobre polonês e filósofo, e assumidamente ateu. Um livro publicado por Lyszczynsk foi passado para um bispo local, que, juntamente com um segundo bispo condenaram-no a execução.

Ele foi descoberto por ter escrito uma dissertação intitulada De non existentia Dei (A não existência de Deus), que afirmou que Deus não existe e que as religiões são as invenções do homem.

O bispo Zaluski, acusou Lyszczynski de ter negado a existência de Deus e de proferir blasfêmias contra os santos. Ele reconheceu tudo o que lhe foi imputado, fez uma retratação completa de tudo o que ele poderia ter dito e escrito contra a doutrina da Igreja Católica Romana, e declarou toda a sua submissão à sua autoridade.

Ainda assim, ele foi executado. O carrasco marcou com um ferro em brasa a língua, queimou suas mãos, e por fim foi queimado vivo (Chołoniewski, 1918).

Pierre Bayle

Pierre Bayle

Pierre-Bayle-copperplate-engraving A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Pierre Bayle (1647-1706) era um filósofo e escritor francês cujo trabalho influenciou o Iluminismo. Ele se converteu ao catolicismo quando estudava no Colégio dos Jesuítas em Toulouse, no ano de 1669, mas a sua nova fé durou apenas 17 meses.

Ele abjurou o catolicismo e tornou-se cético, como evidenciado no livro Thoughts on the Comet, na qual ele compara os supostos males do ateísmo com os males reais de fanatismo.

Ciente do destino de outros pensadores seculares em Toulouse, ele fugiu para a Suíça, e mais tarde para a República Holandesa. Lá defendeu uma separação entre fé e razão, e ocupou uma série de cargos acadêmicos, muitas vezes perdendo-os quando as autoridades religiosas se opunham aos seus ensinamentos – embora na República Holandesa estivesse relativamente a salvo de seus maiores críticos, incluindo a Inquisição.

Bayle foi privado de sua cadeira em 1693. Uma de suas obras foi condenada a ser queimada em público.

Bayle trabalhou em sua enorme obra, o Dictionnaire Historique et Critica (Dicionário histórico e crítico), uma das primeiras enciclopédias de ideias. Falou que muito do que foi considerado verdade era apenas opinião e que a credulidade e a obstinação foram predominantes.

O dicionário foi um trabalho acadêmico importante por várias gerações após a sua publicação e continua a ser uma obra de valor. As obras de Bayle inauguraram o Iluminismo. Nos tempos modernos, Bayle tem sido chamado de “Pai da discussão livre” (LoConte, 2011).

John Toland

John Toland

john-toland A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

John Toland (1670 – 1722) nasceu na Irlanda e renunciou à sua fé católica na juventude. Foi para a Universidade de Edimburgo, onde se tornou um importante pensador em 1690. Ele passou a Leyden, onde desenvolveu suas ideias céticas.

Em seu primeiro livro Christianity not Mysterious de 1696, ele argumentou que a revelação divina da Bíblia não contém verdadeiros mistérios. Para ele, todos os dogmas genuínos da fé poderiam ser compreendidos e demonstrados pela razão devidamente treinada a partir de princípios naturais.

Por isso, foi processado por um júri em Londres. Como era um assunto do Reino da Irlanda, membros do parlamento irlandês propuseram que ele deveria ser queimado na fogueira, e em suas cópias do livro queimadas em público, em Dublin.

Toland comparou os legisladores protestantes a papistas inquisidores. Toland foi denunciado pelo Dr. Blackhall ao Parlamento, e em uma de suas obras ele respondeu as acusações.

Ele fugiu, sendo recebido pela rainha da Prússia. Toland foi, provavelmente, um ateu, mas ele se identificou com o panteísmo em sua publicação Socinianism Truly Stated 1854).

Thomas Hobbes

Thomas Hobbes

04282014thomashobbes A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Thomas Hobbes (1588-1679) foi um dos principais fundadores da filosofia política moderna. Ele também contribuiu para uma diversificada gama de outros campos, incluindo história, a geometria, a física de gases, teologia, ética.

Desenvolveu alguns dos fundamentos do pensamento liberal europeu: o direito do indivíduo; a igualdade natural de todos os homens; o caráter artificial da ordem política; a visão de que todo o poder político legítimo deve ser “representativo”, com base no consentimento do povo.

Hobbes foi acusado de ateísmo, e de ensinar pontos de vista que poderiam levar ao ateísmo. No parlamento, os bispos queriam que ele fosse julgado e executado como um herege, mas não encontraram nenhuma lei para justificar-se.

O rei teve um papel importante na proteção Hobbes em 1666, quando a Câmara dos Comuns, introduziu uma lei contra o ateísmo e profanação.

Nesse mesmo ano, em 17 de outubro 1666, foi ordenado que a comissão a que o projeto de lei foi encaminhado que deveria ser habilitada a recepção de informações em livros que tendem ao ateísmo, blasfêmia e profanação.

No livro de Hobbes chamado de Leviatã ele pontua questões em que poderiam ser tratadas como um herege, e de fato, queimaram alguns de seus artigos (Martinich, 1995).

Hobbes ficou aterrorizado com a perspectiva de ser rotulado como um herege, e passou a queimar alguns de seus papéis comprometedores. Ao mesmo tempo, ele examinou o estado atual da lei de heresia.

Os resultados da sua investigação foram anunciados pela primeira vez em três diálogos curtos adicionados como um apêndice à sua tradução latina do Leviatã, publicado em Amsterdã em 1668. Neste apêndice, Hobbes teve como objetivo mostrar que, uma vez que o Supremo Tribunal de Comissão tinha sido colocado abaixo, não restou tribunal de heresia em tudo para que ele fosse favorável, e que nada poderia ser heresia, exceto a oposição ao Credo Niceno, na qual ele afirmava não ter feito em sua obra Leviatã (British History Online, 2005).

Paul-Henri Thiry

Paul-Henri Thiry

Holbach A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Paul-Henri Thiry, o Barão d’Holbach (1723-1789) era um filósofo francês, cientista, escritor e tradutor. Embora nobre, rico e influente, seus pontos de vista ateus seriam o suficiente para que o queimassem vivo. Então, ele publicou suas obras sob pseudônimos e teve seu trabalho impresso fora do país.

Sua filosofia era expressamente materialista e ateísta e hoje é categorizado para o movimento filosófico chamado materialismo francês.

Ele viu o cristianismo e a religião em geral, como um impedimento para o avanço moral da humanidade. Reconhecido pela sua generosidade, ele foi o patrono das Encyclopædists, e contribuiu com cerca de quatrocentos artigos para a Enciclopédia.

Ele traduzido do alemão várias obras sobre a química e mineralogia.

Em 1770, ele publicou sua principal obra The System of Nature. As ideias, explicitamente ateístas, provocaram uma forte reação. A Igreja Católica ameaçou a coroa francesa com a retirada do apoio financeiro, a menos que suprimisse o livro. d’Holbacheslier.

Ele morreu, pouco antes da Revolução Francesa (Blom, 2010).

Jean Meslier

Jean Meslier

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Jean Meslier (1664-1729) era um padre católico de uma aldeia francesa que teve uma publicação descoberta após sua morte, chamado Common Sense promovendo o ateísmo e denunciando todas as religiões.

O trabalho foi descrito pelo autor como seu “testamento” aos seus paroquianos, e é comumente referido como o testamento de Meslier.

Nos três exemplares descobertos após sua morte, ele repudiou o cristianismo, colocando em dúvida todos seus dogmas.

Pediu para ser enterrado em seu próprio jardim, e deixou sua propriedade para seus paroquianos.

Voltaire publicou um trabalho falando de Meslier com o título Extract from the sentiments of Jean Meslier. Nele Voltaire repete a famosa frase de Jean “O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre“.

Denis Diderot

Denis Diderot

Diderot A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Denis Diderot (1713 – 1784), era filosofo e poeta, e foi incessante perseguido por ter feitos duras críticas ao cristianismo. Teve a ajuda de muitos amigos.

A festa eclesiástica detestava a Encyclopédie, na qual ele era um dos principais autores (Chisholm, 1911).

Voltaire, a partir de 1762, começou a defender as pessoas injustamente perseguidas, como é o caso de Jean Calas. Este era um comerciante de Huguenot que tinha sido torturado até a morte em 1763, supostamente porque havia assassinado seu filho por querer se converter ao catolicismo.

Seus bens foram confiscados e seus filhos restantes foram retirados da viúva e forçados a tornarem-se membros de um mosteiro. Voltaire, vendo isso como um caso claro de perseguição religiosa, conseguiu derrubar a condenação em 1765 (Hewett, 2006).

Jean Calas

Jean Calas

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Jean Calas (1698 -1762) vivia em Toulouse, na França e mesmo com a ajuda de Voltaire foi vítima de um julgamento tendencioso devido a ele ser um protestante em uma sociedade Católica oficialmente romana.

Na França, ele se tornou uma vítima simbólica de intolerância religiosa, juntamente com François-Jean de La Barre e Pierre-Paul Sirven. O filho de Jean cometeu suicídio, e a esmagadora evidência de que a morte foi um suicídio foi o testemunho de Jeanne Vigneire, uma governanta Católica.

O tribunal ignorou e considerou que Jean Calas havia assassinado seu próprio filho. Calas foi torturado em uma tentativa de levá-lo a admitir um crime que não havia cometido. Seus braços e pernas foram estendidos na cremalheira até os ossos se soltarem do tronco. Posteriormente, derramaram 17 litros de água em sua garganta para que confessasse o crime.

Por fim, ele foi amarrado a uma cruz na praça da catedral, onde cada um de seus membros foi quebrado duas vezes por uma barra de ferro. No entanto, com toda essa tortura continuou a declarar sua inocência (Goldstone, 2002).

Em 09 de março de 1762 o parlamento de Toulouse condenado Jean Calas à morte na roda. Em 10 de Março, com a idade de 64, ele morreu torturado na roda afirmando firmemente sua inocência.

Com os membros presos em uma roda de madeira, as pessoas viam seus braços e pernas serem atingidos pelos torturadores com grandes martelos de metal. Depois disso, eram pendurados – ainda na roda – em praça pública, para que animais se alimentassem das vítimas vivas.]

Claude-Adrien Helvétius

Claude-Adrien Helvétius

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Claude-Adrien Helvétius (1715-1771) era um filósofo francês descendente de uma linhagem de médicos célebres. Ele tinha uma grande fortuna e foi atraído pela leitura de Locke. Dedicou-se à filosofia, retirou-se para uma propriedade rural, onde ele empregou sua fortuna no alívio dos pobres, o fomento da agricultura e do desenvolvimento de novas indústrias.

Em agosto de 1758 publicou um trabalho sobre a mente De L’Esprit que continha ideias consideradas materialista e ateístas.

De acordo com Helvétius todas as faculdades humanas poderiam ser reduzidas a sensação física, mesmo a memória, comparação e julgamento. A única diferença em relação aos animais inferiores reside na nossa organização externa.

Defendia também que não existe tal coisa como direito absoluto. As ideias de justiça e injustiça mudam de acordo com os costumes. As extremidades do governo são para garantir a maximização do prazer.

Ele insistiu sobre a importância da cultura, educação e no desenvolvimento nacional. A educação é o método pelo qual se reforma a sociedade, e há poucos limites para as melhorias sociais que poderiam ser provocadas pela distribuição adequada de educação. Suas doutrinas ateístas, utilitárias e igualitárias causou um clamor da Igreja.

Na época os sacerdotes convenceram o tribunal de que ele estava cheio de doutrinas ateístas perigosas. O livro foi declarado herege e foi condenado por ambos, Igreja e Estado. Ele foi condenado pelo Papa Clemente XIII e em 31 de janeiro 1759 foi queimado por ordem do Parlamento francês em 06 de fevereiro de 1759 (David, 1965).

Ciência Moderna

Ciência Moderna

alquimiastasestaochegando_widelg A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

Historiadores da ciência, matemáticos católicos medievais e filósofos como John Buridan, Nicole Oresme e Roger Bacon são vistos como os fundadores da ciência moderna.

Após a queda de Roma, mosteiros e conventos se tornaram bastiões de bolsas de estudos na Europa Ocidental e clérigos foram os principais estudiosos da época – estudar a natureza, matemática e o movimento das estrelas (em grande parte para fins religiosos) durante a Idade Média era atividade recorrente.

A Igreja fundou as primeiras Universidades da Europa, produzindo estudiosos como Robert Grosseteste, Alberto Magno, Roger Bacon e Tomás de Aquino, que ajudaram a estabelecer o método científico. Durante este período, a Igreja também foi um grande patrono da engenharia para a construção de catedrais elaboradas.

Desde a Renascença, cientistas católicos foram creditados como pais de uma variada gama de áreas científicas: Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) figura importante na teoria da evolução com o Lamarckismo; o Frei Gregor Mendel (1822-1884) foi pioneiro da genética e o Padre Georges Lemaitre (1894-1966) que propôs o modelo cosmológico do Big Bang. Os padres estavam particularmente presentes na ciência, especialmente na astronomia.

No século 19, a tese de conflito surgiu a propor um conflito intrínseco ou conflitos entre a Igreja e ciência. O uso histórico original do termo afirmou que a Igreja tem sido em oposição perpétua para a ciência.

A tese interpreta a relação entre a Igreja e a ciência como inevitavelmente levando a hostilidade pública, quando a religião desafia agressivamente novas ideias científicas, como no caso de Galileu.

Uma crítica alternativa é que a Igreja se opõe a algumas descobertas científicas, por sentirem sua autoridade e poder sendo desafiados; especialmente através da Reforma e Iluminismo.

O Conselho do Vaticano (1869-1870) declarou que “Fé e razão são de ajuda mútua uns aos outros”. A Enciclopédia Católica de 1912 diz que “Os conflitos entre a ciência e a Igreja não são reais, e afirma que as crenças em tais conflitos são baseadas em falsas premissas”.

O Papa João Paulo II sintetizou a visão católica da relação entre fé e razão na encíclica Fides et Ratio, dizendo: “fé e razão são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade, e Deus colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade”.

A Inquisição No Brasil

A Inquisição No Brasil

Inquisicao A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

No Brasil, os tribunais chegaram a ser instalados no período colonial, porém não apresentaram “muita força” como na Europa. Foram julgados, principalmente no Nordeste, alguns casos de heresias relacionadas ao comportamento dos brasileiros, além de perseguir alguns judeus que aqui moravam.

No Brasil muitos famílias e indivíduos sofreram torturas ou foram assassinados durante a inquisição promovida por Portugal. Um estudo feito pelo genealogista Alberto Kremnitzer apresenta algumas destas famílias e as acusações na qual foram sujeitas.

Em seu trabalho ele destaca a família Rodrigues de origem judaica, que perdeu filhos torturados ou queimados durante a perseguição da inquisição portuguesa.

Ele relata o caso de Manoel de Abreu Campos que vivia de sua fazenda e foi torturado e morto queimado no dia 13 de março de 1669 por ser judeu convicto. Era morador da Bahia, e seu filho João de Abreu Campos de 22 anos, já havia sido condenado a prisão perpétua, bem como seu filho Jerônimo de Abreu Campos de 28 anos.

Anastácia Abreu de Oliveira, de 36 anos, mulher de Antônio Vellez, um lavrador foi queimada viva no dia 4 de novembro de 1742 por ser judia convicta, acusada de ser falsa, dissimulada e impenitente. Seu filho João Vellez, 18 anos foi condenado a prisão perpétua em 26 de setembro de 1745.

Esses são só alguns dos diversos casos identificados no artigo de Kremnitzer na qual demonstra a truculência da Inquisição promovida pela Igreja Católica e seu Tribunal.

Quando o Brasil foi descoberto, a inquisição estava a todo vapor na Europa e em nosso país durou por cerca de três séculos: ou seja, o Brasil passou por séculos de intolerância religiosa, de crueldade e violência com aqueles que foram processados, condenados e executados nas fogueiras da Inquisição em Lisboa, Évora e Coimbra.

Das treze naus que compunham a esquadra de Pedro Álvares Cabral, onze delas eram comandadas pelos capitães que apresentavam nomes de Cristãos-Novos, um nome dado aos judeus que foram obrigados a se converter ao catolicismo pela Inquisição.

Dentre eles esta Simão de Pina, Simão de Miranda de Azevedo, Sancho de Tovar, Nicolau Coelho, Aires Gomes da Silva, Gaspar de Lemos que era um judeu de origem polonesa e outros.

Na terra natal de Cabral, Belmonte, existiu uma grande colônia judaica e o próprio descobridor do Brasil tinha descendência de judeus conversos ao cristianismo a força.

Fernando de Noronha era descendente de cristãos-novos, era rico e amigo do Rei de Portugal, Dom Manoel.

Judeus Holandeses

Judeus Holandeses

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No domínio holandês no Brasil, muitos judeus holandeses de origem portuguesa vieram para Recife, onde fundaram duas sinagogas, a Zur Israel e a Maguem Abraham, as primeiras sinagogas das Américas.

Muitos judeus saíram do Brasil condenados com destino às fogueiras da Inquisição em Lisboa. Dentre eles, podemos ver seus sobrenomes bem brasileiros, como os Cardoso, Miranda, Nunes, Silva, Pereira, Pinto, Azevedo e muitos outros.

Portanto, quando alguma pessoa disser que não houve perseguição da Igreja Católica a livres pensadores, filósofos, cientistas ou mesmo pessoas com formações religiosas distintas, descrentes, e críticos da Igreja está afirmativa é falsa.

O registro histórico é rico em detalhes de pessoas que foram perseguidas, acusados de heresia, torturados e mortos pela Igreja. Quando alguém nega algo que é de conhecimento mundial, está tentando esconder a história suja de suas crenças pessoais.

 

Livros de Gil DePaula

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Livros-de-Gil-DePaula A Igreja Católica e os Assassinatos de Cientistas, Pensadores e Filósofos

2 Comentários

  1. Texto muito ultrapassado, afinal pesquisas recentes em variados livros de nossa era, desmentem que a IC fosse contra a ciência, isto são narrativas perpetuadas pelo Iluminismo.

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