Reflexões Sobre um Casamento de 37 Anos

Por Gil DePaula

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Hoje, dia 10 de março, logo após acordar e enquanto esperava o café ficar pronto, resolvi acertar a data e o horário de um relógio que havia descarregado a bateria. Então, perguntei a minha esposa Yasmin, em que dia estávamos, ao que prontamente ela me respondeu: hoje é dia 10 de março, para em seguida, com um grande sorriso estampado no rosto, continuar: estamos fazendo aniversário de casamento hoje, correndo para me abraçar.

Nesses 37 anos de casados, foi a primeira vez em que ela não me acordou com um parabéns para nós, que ela, sabiamente, conhecendo como somos nós, homens, me lembrava logo cedo, para que eu não esquecesse a data. Depois, ambos, colocamos a culpa do esquecimento parcial na correria profissional em que vivemos, e um pouco na pandemia.

De convivência mútua, lá se vai quase 39 anos, contados entre namoro, noivado e casamento. Nossos filhos estão casados (uma moça e um rapaz), e em fevereiro deste ano nasceu nosso primeiro neto, que trouxe para nossas vidas um renascimento espiritual.

Ao longo desses anos, confesso que ela, como se nada quisesse, foi me burilando, retirando de mim aspectos, direi; um pouco incisivos, me tornando uma pessoa melhor, com sua sensatez, paciência e amor.

Nossas discussões, nesses 39 anos, podem ser contadas nos dedos das mãos, fato que não levo nenhum mérito, pois ela sempre levou ao pé da letra a máxima que diz: que quando um não quer, dois não brigam. Todavia, espertamente, esperava o momento certo para puxar as minhas orelhas.

Tivemos poucos momentos difíceis na vida. O pior deles foi quando descobrimos que ela tinha um câncer de intestino. Felizmente, descoberto bem no início e tratado imediatamente, com a sua total recuperação, graças a proatividade da médica que a atendeu e as bênçãos de Deus. A lição que meus filhos e eu retiramos desse episódio, foi da angustia que uma eventual falta dela nos faria. Naquele momento, nos sentimos desestruturados.

Outro fato, que hoje se tornou até engraçado, era a reação de algumas pessoas, principalmente, nos nossos primeiros anos de casados, ao nos ver juntos: ela bem branquinha, eu negro, contrastávamos e, em uma época de preconceitos mais arraigados, alguns não escondiam a surpresa ou o desagrado que sentiam, ao quais simplesmente ignorávamos.

Para arrematar a conversa da manhã, ela me disse que o tempo que estávamos juntos havia passado muito rápido, o que tomei por elogio a minha pessoa. Pois se minha presença junto a ela tivesse sido desagradável, certamente ela pensaria o contrário. Talvez, não dissesse, mais que pensaria, pensaria (risos).

Bem, espero poder conviver com ela até o fim dos nossos dias, não que eu a mereça, mas porque, procurarei sempre fazer por merecê-la (palavra de escoteiro, risos e parabéns para nós).

10/03/1984

 

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