Por Gil DePaula
Texto originalmente publicado em 2021
Neste ano estamos fazendo 41 anos de casados.
Hoje, 10 de março, logo após acordar e enquanto esperava o café ficar pronto, resolvi acertar a data e o horário de um relógio cuja bateria havia descarregado. Então, perguntei à minha esposa, Yasmin, que dia era. Prontamente, ela me respondeu:
— Hoje é 10 de março.
Em seguida, com um grande sorriso estampado no rosto, continuou:
— Estamos fazendo aniversário de casamento hoje!
E correu para me abraçar.
Nesses 37 anos de casados, foi a primeira vez que ela não me acordou com um “parabéns para nós”, algo que, sabiamente, fazia logo cedo, conhecendo bem como somos nós, homens, para que eu não me esquecesse da data. Depois, juntos, colocamos a culpa desse esquecimento parcial na correria profissional em que vivemos — e um pouco na pandemia.
Ao todo, já são quase 39 anos de convivência, contando namoro, noivado e casamento. Nossos filhos (uma moça e um rapaz) estão casados, e, em fevereiro deste ano, nasceu nosso primeiro neto, que trouxe para nossas vidas um verdadeiro renascimento espiritual.
Ao longo desses anos, confesso que ela, como quem nada quer, foi me lapidando, retirando de mim alguns traços — digamos — um tanto incisivos, tornando-me uma pessoa melhor com sua sensatez, paciência e amor.
Nossas discussões, nesses 39 anos, podem ser contadas nos dedos das mãos, mérito que não é meu, mas dela, que sempre levou ao pé da letra o ditado: “quando um não quer, dois não brigam”. No entanto, espertamente, esperava o momento certo para puxar minhas orelhas.
Tivemos poucos momentos difíceis na vida. O pior deles foi quando descobrimos que ela tinha um câncer de intestino. Felizmente, foi diagnosticado bem no início e tratado imediatamente, resultando em sua total recuperação, graças à proatividade da médica que a atendeu e às bênçãos de Deus. A grande lição que meus filhos e eu tiramos desse episódio foi a angústia de imaginar a falta que ela nos faria. Naquele momento, nos sentimos desestruturados.
Outro fato, que hoje até nos diverte, foi a reação de algumas pessoas, especialmente nos primeiros anos de casados, ao nos verem juntos: ela, bem branquinha; eu, negro. Contrastávamos, e, em uma época de preconceitos mais arraigados, alguns não escondiam a surpresa — ou até o desagrado. Simplesmente ignorávamos.
Para arrematar a conversa da manhã, ela comentou que o tempo que estamos juntos passou muito rápido. Tomei isso como um elogio a mim, pois, se minha presença lhe fosse desagradável, certamente ela pensaria o contrário. Talvez não dissesse, mas que pensaria, pensaria (risos).
Bem, espero poder conviver com ela até o fim dos nossos dias. Não porque eu a mereça, mas porque procurarei sempre fazer por merecê-la. (Palavra de escoteiro! Risos. E parabéns para nós!).
10/03/1984
Livros de Gil DePaula
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Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)
Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.
A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação.
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O Baú das Histórias Inusitadas
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Terras dos Homens Perdidos
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