Gil DePaula
Hoje, recebi duas velhas fotos dos meus avós por parte de pai. Nada demais. Apenas fotos antigas, carcomidas e amareladas pelo tempo. Mas bastou observá-las por alguns segundos para que o tempo deixasse de ser apenas um conceito e passasse a ter cheiro, som, textura — e lembrança.
Lembrei-me do meu avô: sério, às vezes falador, de caráter retilíneo. Lembrei de seus passos firmes, da maneira como contava longas histórias que pareciam não ter fim, de como exigia: “Me peça a bênção!”. E lembrei também da minha avó, de sua aparência frágil e de como me tratava com tanto carinho.
Objetos têm esse dom discreto de armazenar histórias. Um botão guardado numa caixinha, uma carta com a caligrafia da avó, um brinquedo quebrado do irmão mais velho — cada um, uma cápsula do tempo esperando ser aberta. E, quando são, nos invadem com a força de quem nunca se foi de verdade.
Um anel esquecido, um velho livro, um cheiro desprendido de algo guardado há muito tempo… Cada um desses objetos parece nos dizer: “Ei, alguém viveu aqui. Alguém amou, sorriu, chorou… e deixou um pouco de si neste lugar.”
Esses pequenos vestígios resistem ao tempo como objetos indestrutíveis da memória. Mesmo quando os nomes começam a se apagar, mesmo quando as datas escapam, mesmo quando já não sabemos bem se foi sonho ou realidade, eles permanecem ali — como guardiões de vidas que tocaram a nossa.
E então percebemos: um dia, também seremos um objeto qualquer. Uma peça de roupa, um bilhete, um livro com anotações à margem. E alguém, quem sabe, nos encontrará numa tarde qualquer e dirá, em voz baixa:
“Este era do meu avô… ou talvez do meu pai. Não sei ao certo. Mas tem algo aqui que me toca, mesmo que eu não entenda bem o quê.”
E isso bastará.
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Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)
Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.
A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação.
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O Baú das Histórias Inusitadas
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