Artigo publicado em maio de 2011
A palavra corrupção deriva do latim corruptus, tem por significado aquilo que foi “quebrado em pedaços”, “pútrido” e “apodrecido”. Já os dicionários atuais a define como: “ação de seduzir por dinheiro, presentes e outras benesses”, levando o cidadão a afastar-se da honra e da probidade.
Os brasileiros, em sua maioria, generalizam o termo e tendem a associa-lo aos governantes, funcionários públicos e empresários. Verdade é que, os grandes escândalos estão relacionados a esses grupos. O quê se pergunta; entretanto, é por que tanta passividade? Talvez por já fizer parte do nosso cotidiano perdemos a capacidade de nos escandalizarmos, e por sentimos – imoralmente – que é parte da nossa cultura. Pois vejamos: Quantos de nós pagamos preços mais baratos por mercadorias e mão-de-obra a indivíduos que se oferecem a prestar um serviço fora do horário de trabalho, ao invés de contratarmos a empresa onde ele trabalha? Quantos testemunham atos de prevaricação no ambiente de trabalho, e não se posicionam contra? Quantos pegam atestados médicos falsos de profissionais igualmente corruptos? Quantas vezes ouvimos denuncias de compras de provas, monografias, etc.? Quantos seguem atingindo seus objetivos sendo mais espertos por meios ilícitos? No pretérito recente, tivemos em Brasília a operação “Caixa de Pandora” (objeto anterior de um artigo nosso) que tem se mostrado não uma caixa, mas sim um verdadeiro baú sem fundo da corrupção. A cada momento se descobre mais envolvidos, empresários, parlamentares, funcionários públicos que pessoalmente ou fazendo uso de “laranjas” encheram a “burra” com os recursos públicos. Quantos desses hoje possuem bens e recursos incompatíveis com seus rendimentos que poderiam ser descobertos à luz da mais simples investigação? Quantos exibem esses bens demonstrando orgulho? Temos obrigação de lembrar que a sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que dependem dos serviços públicos (educação, saúde, infraestrutura, etc.), pois os recursos para essas áreas é que são em sua maioria desviados. Não devemos e não podemos continuar a ver a corrupção como algo corriqueiro. É necessário mudarmos nossos atos e lutarmos para que nossa sociedade progrida intelectualmente e moralmente. Devemos adotar como principio a honestidade para que os corruptos venham a sentir vergonha dos seus atos. Sem querer entrar na questão religiosa, acredito que os corruptos são ateus, não só de um Deus, mas intrinsicamente de valores morais.Não devemos e não podemos silenciar nossa indignação.
Gil DePaula