Olhai os Lírios do Campo: Uma Resenha do Primeiro Grande Sucesso de Erico Verissimo

Por Gil DePaula

Erico Olhai os Lírios do Campo: Uma Resenha do Primeiro Grande Sucesso de Erico Verissimo

As moças e os românticos que já leram o livro de Erico Verissimo; Olhai os Lírios do Campo, certamente se embeveceram com a história do doutor Eugênio e sua amada Olívia. Aqueles que vierem a ler, dificilmente deixarão de seguir o mesmo caminho.

Olhai os lírios do campo foi o primeiro grande sucesso editorial de Erico Verissimo, para mim, um dos cinco maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Lançado em 1938, o romance teve várias edições, consecutivamente esgotadas, que deixaram o escritor e os editores boquiabertos. Na esteira do êxito, arrastou consigo os romances que o autor lançara até então em tiragens modestas que levavam quase dois anos para se esgotarem.

O sucesso talvez se explique, pelo conteúdo romântico e a força de Olivia, em contraste com a “covardia” de Eugênio. Olivia tornou-se um ídolo de um grande público, principalmente feminino.

O personagem Eugênio é um contraste em si (alguém poderia imaginar um médico que tem horror ao sangue), abandona a amada amante, procura a estabilidade financeira por meio de um casamento de interesses, e depois “chuta o pau da barraca”, abandonando qualquer sonho de riqueza. Porém, ao final, continuaremos a amá-lo.

Quem Foi Erico Verissimo

Quem Foi Erico Verissimo


Erico Verissimo (1905-1975) foi um dos melhores romancistas brasileiros. Fez parte do segundo tempo modernista. Recebeu o “Premio Machado de Assis” com a obra “Música ao Longe” e o “Premio Graça Aranha” com “Caminhos Cruzados”.

Erico Verissimo (1905-1975) nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro de 1905. Filho de Sebastião Veríssimo da Fonseca e de Abegahy Lopes, família rica e tradicional, que perdeu tudo no começo do século. Estudou no Colégio Venâncio Alves, em Cruz Alta. Com 13 anos já lia autores nacionais como Aluízio Azevedo, Joaquim Manuel de Macedo, Coelho Neto e autores estrangeiros como Dostoievski e Walter Scott. Em 1920 foi para Porto Alegre, estudou no Colégio Cruzeiro do Sul, mas não completou o curso. Voltou para Cruz Alta. Abandonou os planos de cursar uma Universidade.

Vida Profissional

Vida Profissional

Em 1925 trabalhou no Banco Nacional do Comércio. Em 1926, tornou-se sócio de uma farmácia e deu aulas de literatura e inglês. Em 1929, começou escrevendo contos para revistas e jornais. Em 1930, a farmácia foi à falência. Em 1931, casa-se com Mafalda Halfem Volpe, com quem teve dois filhos. Vai definitivamente para Porto Alegre, onde foi contratado para o cargo de secretário de redação da Revista do Globo, onde conviveu com escritores renomados. Em 1932, foi promovido a Diretor da Revista do Globo e atuou no departamento editorial da Livraria do Globo.

Erico Verissimo fez parte do Segundo Tempo Modernista (1930-1940), onde a literatura traz para reflexão os problemas sociais. Em 1932, o autor publica uma coletânea de contos “Fantoche”, foi sua estreia na literatura. Em sua primeira fase a preocupação foi ética e urbana. No romance “Clarissa”, tendo Porto Alegra como cenário, traça o perfil psicológico de uma adolescente. “Caminhos Cruzados”, é um romance de análise social, em que expõe o drama abismal entre ricos e pobres. A fase de transição do autor é refletida em “O Resto é Silencio”, onde o narrador analisa a reação de sete pessoas que presenciam o suicídio de uma moça.

Na segunda fase Erico parte para uma investigação completa do passado histórico do Rio Grande do Sul. “O Tempo e o Vento”, são três romances, que trazem um vasto texto épico, onde desfilam as famílias do patriarcalismo gaúcho. “Ana Terra” é a protagonista do primeiro volume da trilogia. A cena se passa no Rio Grande do Sul, e relata o drama de uma família de pioneiros gaúchos. A terceira fase apresenta romances de aberta reação ao sistema político do século XX, é o caso do “Senhor Embaixador”. No romance “O Prisioneiro”, pretendeu o autor, como ele disse, “fazer uma espécie de parábola moderna sobre a guerra e o racismo”.

Erico Verissimo foi para os Estados Unidos, em 1941, em missão cultural, a convite do Departamento de Estado americano. Temendo a ditadura do governo Vargas, em 1943, foi lecionar Literatura brasileira, na Universidade de Berkeley, na Califórnia. Em 1953, ocupou o posto de Diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana. O registro de suas viagens foi descrito nos livros “Gato Preto em Campo de Neve” e “A Volta do Gato Preto”.

Em 1969, a casa onde nasceu Verissimo, é transformada em Museu. Sua obra “Música ao Longe”, recebeu o Prêmio Machado de Assis e “Caminhos Cruzados”, recebeu o Prêmio Graça Aranha. Em 1973, escreveu o primeiro volume da trilogia de sua autobiografia “Solo de Clarineta”, mas não completou o segundo volume. Seu filho Luís Fernando Verissimo, nascido em 1936 é autor de livros famosos como O Analista de Bagé e Comédia da Vida Privada.

Erico Lopes Verissimo morreu vítima de enfarte no dia 28 de novembro de 1975.

Obras de Erico Verissimo

Obras de Erico Verissimo


Fantoche, contos, 1932
Clarissa, ficção, 1933
Caminhos Cruzados, ficção, 1935
Música ao Longe, ficção, 1935
A Vida de Joana D’Arc, biografia, 1935
Um Lugar ao Sol, ficção, 1936
As Aventuras do Avião Vermelho, literatura infantil, 1936
Rosa Maria no Castelo Encantado, literatura infantil, 1936
Os Três Porquinhos, literatura infantil, 1936
Meu ABC, literatura infantil, 1936
As Aventuras de Tibicuera, romance didático, 1937
O Urso com Música na Barriga, 1938
Olhai os Lírios do Campo, ficção, 1938
A Vida do Elefante Basílio, 1939
Outra Vez os Três Porquinhos, 1939
Viagem à Aurora do Mundo, 1939
Aventuras no Mundo da Higiene, 1939
Saga, ficção, 1940
Gato Preto em Campo de Neve, impressões de viagem, 1941
As Mãos de Meu Filho, contos, 1942
O Resto é Silencio, ficção, 1942
A Volta do Gato Preto, impressões de viagem, 1946
O Tempo e o Vento I, O Continente, 1948
O Tempo e o Vento II, O Retrato, 1951
Noite, novela, 1954
Gente e Bichos, 1956
O Ataque, novelas, 1959
O Tempo e o Vento III, O Arquipélago, 1961
O Senhor Embaixador, 1965
O Prisioneiro, 1967
Israel em Abril, 1969
Incidente em Antares, 1971
Solo de Clarineta, memórias, vol.I, 1973; Vol.II, 1975

Livros de Gil DePaula

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