Por Gil DePaula
Sempre fui um admirador dos programas humorísticos brasileiros, e por consequência da comédia. Entretanto, sou um apreciador do humor sutil, daquele que faz uso das piadas ‘inocentes”, como foi o caso da maioria dos programas produzidos no Brasil.
O teatro, sempre se atreveu a ir além desse humor que eu admiro. Seja com temas mais inteligentes, ou mais capciosos. Infelizmente, parte da televisão brasileira e do teatro, se renderam a vulgarização do humor, assim como aconteceu na música.
Os chamados “stand ups”, usam e abusam do palavrão e até da escatologia. O píor, é que programas tradicionais, como é o caso da “Praça é Nossa”, adentrou esse caminho, permitindo que os novos humoristas façam o uso corriqueiro dessas obscenidades, que, infelizmente, agradam a ouvidos mal educados.
Talvez, isso se deva a falta de humoristas de qualidade. Humoristas, que com simples trejeitos, eram capazes de arrancar de crianças e adultos gostosas risadas. Que quando – por exemplo – contavam uma piada de conotação sexual, faziam da sutileza o arremate, para que as pessoas, usando um pouco de sua inteligência, conseguissem entender.
Programas tais quais: Balança Mas Não Cai, Beco Sem Saída, Chico Anysio Show, Os Trapalhões, Viva o Gordo, Família Trapo, Escolinha do Professor Raimundo e outros, divertiram milhares de pessoas ao longo dos anos, sem se tornarem apelativos.
Afinal, humor é fazer graça. E a graça, passa longe da grosseria. Principalmente, porque a grosseria não tem graça.
Família Trapo
Família Trapo
Um dos mais importantes humorísticos da da TV brasileira, era transmitido no sábado à noite mais nobre horário da televisão no fim dos anos 1960. Com plateia e em cenário único, a sala de uma casa de classe média paulistana, o programa da Record foi um enorme sucesso. Faziam parte do elenco, entre outros, Renata Fronzi, Ronald Golias e Jô Soares, que era redator do programa ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega.
Um dos momentos mais marcantes foi o episódio que teve a participação de Pelé. O mordomo Gordon, personagem interpretado por Jô Soares, ensina o Rei do Futebol como cobrar pênalti.
Os Trapalhões
Os Trapalhões
Um dos humorísticos que mais tempo ficou no ar na televisão brasileira, a atração liderada por Renato Aragão, o Didi, ia ao ar nas noites de domingo na TV Globo, antes do “Fantástico”, mas sua trajetória já havia começado antes. Desde 1966, Didi e seu talentoso coadjuvante Dedé já eram as estrelas do programa “Adoráveis Trapalhões” na extinta TV Excelsior. Passaram então pela Record, quando Mussum entrou no grupo, e apenas na Tupi é que o grupo se completou, com a chegada de Zacarias.
O programa era formado por uma série de esquetes e de atrações e paródias musicais que não tinham necessariamente uma conexão entre si. Ficou muito famosa uma paródia de “Teresinha”, canção de Chico Buarque famosa na voz de Maria Bethânia, hilariamente protagonizada por Didi.
Chico Anysio Show
Chico Anysio Show
Chico Anysio é uma espécie de Pelé do humor brasileiro. Sua entrada na TV aconteceu no fim dos anos 1950, mas foi com o Chico Anysio Show, nos tempos de TV Globo (a atração também foi exibida em outros períodos e emissoras), que viveu seu período de maior sucesso e deu a notoriedade merecida ao comediante cearense, morto em 2012.
Chico eternizou centenas de personagens e tipos, como Alberto Roberto, Bento Carneiro (o vampiro brasileiro), Professor Raimundo e Salomé, alguns deles que ganharam quadros em outros programas, como o “Zorra Total”.
Escolinha do Professor Raimundo
Escolinha do Professor Raimundo
Criada originalmente como uma atração de rádio — foi criada em 1952 na rádio Mayrink Veiga -, estreou na televisão em 1957, como um quadro do programa “Noites Cariocas”, da TV Rio.
Mas teve seu período de sucesso enorme no início dos anos 1990, com Chico Anysio liderando como escada um grupo que reunia alguns dos principais humoristas da história do País. Além de ter entre seus alunos atores como Costinha, Grande Otelo, Lúcio Mauro, Rogério Cardoso, Zezé Macedo e Zilda Cardoso, ainda revelou talentos como Tom Cavalcante.
O mais famoso dos bordões em um programa repleto de bordões era o do próprio Chico Anysio, na pele do professor Raimundo Nonato: enquanto fazia um sinal de pouca quantidade com os dedos indicador e polegar, dizia “e o salário, ó”. Uma nova versão da “Escolinha” estreou em 2015 com novos atores nos papeis dos velhos personagens e Bruno Mazzeo, filho de Chico, como Raimundo.
Balança Mas Não Cai
Balança Mas Não Cai
Originalmente um programa de rádio desde 1950, trazia esquetes já consagradas no rádio, como Primo Pobre/Primo Rico (com Paulo Gracindo e Brandão Filho), e outras criadas especialmente para o programa…
Beco Sem Saída
Beco Sem Saída
Beco Sem Saída, foi um programa humorístico dos anos 60, estrelado por Lúcio Mauro e José Santa Cruz.
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