Por Gil DePaula
A pergunta que constantemente me faço, parece simples de ser respondida à primeira vista, mas ao ser realizada, se mostra cheia de possibilidades e conjecturas: Por que o país é incapaz de produzir presidente ou presidentes, que não sejam tão toscos, tais quais Bolsonaro ou Lula?
Eu cresci sob os auspícios de uma ditadura militar, e apesar de ser muito jovem na época, lembro-me, que as pessoas tinham medo. Medo de falar qualquer coisa que desagradasse ao governo. Medo de reunirem-se para protestarem sobre o que achavam errado. Medo de serem presas. Medo de serem denunciadas por suas opiniões e por aí foi. Isso tudo, tolhia a nossa capacidade de virmos a ser politizados, muitas vezes criando jovens alienados politicamente.
Meu primeiro contato verdadeiro com a política se deu no início dos anos 80, quando fiz parte do primeiro diretório acadêmico da Universidade Católica de Brasília, na Faculdade de Administração, tendo sentido na própria pele a perseguição imposta pelos órgãos de repressão. Nesse período, os ventos da liberdade começaram a soprar e pouco depois, se deu a abertura política.
Confesso, que sendo um jovem idealista, me encantei com a possibilidade de termos novos governantes civis. Porém, todavia, e com outros mas, veio a decepção. De cara, embarcamos na corrupção do governo Collor, que para sermos justos, hoje parece traquinagem de meninos peraltas perante o que se deu posteriormente.
E como não poderia deixar de ser – passado algum tempo – eis que descobrimos que existia um salvador da pátria, metamorfoseado de metalúrgico, com um discurso anticorrupção de encher os olhos. E eu, mais uma vez, acreditei! E, com meu voto, fui cumplice da maior bandalheira ocorrida em um país na história mundial, pelo qual peço desculpas.
A bandalheira foi de tal monta, que em 2018, alçou ao cargo mais nobre do país um militar sabidamente intransigente, homofóbico, que desbocadamente produzia declarações racistas, misóginas e agressivas disparadas sem nenhum pudor.
Não que o outro, o pseudo metalúrgico, seja um primor de educação, muito pelo contrário, sempre se utilizou de muita verborragia. Verborragia essa, acrescentada de mentiras e falsas promessas, que continuam a encantar parte expressiva da população brasileira. Vide as últimas eleições.
As eleições de 2022, em sua polarização demonstram a incapacidade do Brasil de produzir lideranças honestas, centradas, cavalheirescas, inteligentes para o bem e gestores de qualidade comprovada (incluindo os outros candidatos à presidência da república que se apresentaram).
E o pior. É que isso tudo nos trouxe uma volta ao pretérito. Hoje, retomamos ao medo de falar, de protestar, de nos reunirmos. Pessoas são censuradas. Redes sociais idem. A imprensa contrária à esquerda também é calada.
E, dolorosamente, essas censuras e ataques são aplaudidos pelos que não gostam de determinado lado. Aplaudido por cínicos, que fingem não enxergar a podridão incrustrada no objeto do seu afeto, pois a eles tudo. Aos desafetos porrada!
Para resolvermos, tenho uma sugestão: Que tal entregarmos a presidência de vez a Alexandre de Moraes? Pelo menos ele tem peito.
Pobre Brasil, capaz de produzir tanta gente mesquinha!
P.S.: Não! Não pensem que ao sugerir Alexandre de Moraes para a presidência, quero que ocorra um golpe do judiciário (risos).
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