O Fascismo Como Espantalho: A Inversão Semântica no Discurso da Esquerda Brasileira

Por Gil DePaula

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Nos debates políticos atuais, especialmente no Brasil, poucas palavras causam tanto impacto quanto “fascista”. A acusação tornou-se uma espécie de atalho retórico, um rótulo que dispensa argumentação. É utilizada como sinônimo de tudo que a esquerda brasileira — notadamente petista — deseja deslegitimar, da direita conservadora ao liberalismo clássico. Mas será que essa apropriação do termo tem sustentação histórica? Ou estaríamos diante de um uso político e distorcido do conceito?

O escritor Flávio Morgenstern lança uma provocação poderosa: e se o fascismo, tal como surgiu historicamente, tiver mais afinidades com a esquerda do que esta gostaria de admitir?

Fascismo e Socialismo: Raízes em Comum?

Historicamente, o fascismo nasceu de dentro da esquerda. Benito Mussolini foi um ativista socialista antes de fundar o movimento fascista — e admirado por Lenin. O próprio nacional-socialismo alemão (nazismo) fazia referência explícita ao socialismo, e Hitler assinou com Stalin o pacto Ribbentrop-Molotov, uma aliança momentânea contra o “imperialismo ocidental”.

A gênese dessas ideologias autoritárias está impregnada de coletivismo, culto ao Estado, rejeição do individualismo liberal, uso de propaganda de massa e mobilização das classes trabalhadoras. A luta contra “elites econômicas” e a promessa de um Estado forte para garantir justiça social também estavam no cerne do fascismo, como estiveram no marxismo.

É por isso que Morgenstern — ecoando pensadores como Eric Voegelin e Olavo de Carvalho — sugere que os extremos totalitários da direita e da esquerda são, na verdade, variações do mesmo impulso: o de controlar a sociedade em nome de um bem superior.

O Uso do Termo “Fascista” Como Arma Política

O que torna a acusação de “fascismo” tão eficaz no Brasil de hoje é o fato de que ela fere moralmente. Ser chamado de fascista implica alinhamento com um regime genocida, autoritário, militarista — alguém que respeita a democracia e os direitos civis sente-se naturalmente ofendido. Paradoxalmente, é exatamente esse repúdio ao fascismo que torna a acusação útil para quem deseja silenciar o adversário.

Ninguém chamaria um verdadeiro nazista de nazista esperando que ele se constranja. O xingamento só funciona quando é injusto.

Assim, a esquerda brasileira, ao acusar generosamente seus opositores de “fascistas”, projeta sobre eles o próprio horror que o termo ainda carrega — mas não se dá conta de que muitas de suas práticas lembram justamente o comportamento dos regimes fascistas que dizem combater.

As Semelhanças Incômodas

Culto ao líder, aparelhamento de sindicatos, uso do aparato estatal para fins partidários, capitalismo dirigido, mobilização emocional das massas e até uso de militância para pressionar ou intimidar o Judiciário: esses traços têm se tornado cada vez mais evidentes na atuação do PT e de seus aliados. Ainda que se autodeclarem democratas, seus métodos se aproximam perigosamente das estratégias eleitorais do fascismo — que também chegou ao poder pelo voto.

A militância mobilizada para proteger Lula, formando barreiras humanas diante de mandados judiciais, lembra as táticas paramilitares das camisas-negras, ainda que sem a mesma violência explícita.

Conclusão

A insistência em chamar tudo e todos de “fascista” não revela convicção ideológica, mas oportunismo político. Enquanto isso, o verdadeiro fascismo — como doutrina autoritária de massas — permanece mal compreendido, instrumentalizado e deturpado.

Cabe aos que prezam pela verdade histórica e pelo debate racional resgatar o significado real dos conceitos e impedir que a linguagem política seja sequestrada pelo histrionismo partidário.

O uso banal de termos como “fascista” é mais que uma falácia: é uma forma de controle simbólico, uma tentativa de destruir reputações pela força da ofensa. E essa, ironicamente, é uma tática bem conhecida pelos verdadeiros fascistas da história.

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