Gil DePaula
Vivemos uma era em que os avanços da biotecnologia, da engenharia genética e da neurociência nos colocam diante de uma encruzilhada civilizatória: éticamente, socialmente e espiritualmente. Um vídeo compartilhado nas redes sociais nos convida a refletir sobre isso, ainda que envolto em linguagem simbólica, espiritual e por vezes alarmista.
No centro do argumento está a ideia de que a humanidade estaria sendo submetida a uma mudança genética global, por meio do uso de tecnologias como o mRNA, a nanotecnologia e ferramentas de edição gênica como o CRISPR. O vídeo sugere que as vacinas da COVID-19 seriam parte de um experimento global não apenas de imunização, mas de transformação biológica e espiritual do ser humano.
Esse tipo de leitura, quando visto sob a ótica puramente científica, parece exagerado ou conspiracionista. Contudo, se o encararmos como uma expressão simbólica e espiritual de preocupações reais, percebemos que ele toca em questões fundamentais. A primeira delas é: o que significa ser humano? Se passarmos a modificar geneticamente nossa estrutura, integrando corpo e máquina, mente e algoritmos, seremos ainda os mesmos?
A corrente do transumanismo, defendida por pensadores como Ray Kurzweil e Nick Bostrom, propõe superar os limites biológicos da humanidade, incluindo o envelhecimento e a morte. Isso acende alertas éticos importantes: quem terá acesso a essas tecnologias? O que acontecerá com a dignidade humana? A desigualdade social será ampliada por uma nova elite biotecnológica?
A leitura espiritual apresentada no vídeo usa referências apocalípticas, como a “marca da besta” ou o “anticristo”. Não se deve tomá-las literalmente fora do seu contexto religioso, mas como alertas simbólicos sobre os riscos de uma humanidade que abdica de sua dimensão espiritual e moral diante do poder técnico.
Outro ponto importante levantado no vídeo é a presença do glifosato na cadeia alimentar. Trata-se de um herbicida amplamente usado na agricultura industrial, cujo princípio ativo está envolvido em diversas controvérsias. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à OMS, classificou o glifosato como possivelmente cancerígeno. Estudos também apontam para possíveis efeitos como disrupção hormonal e contaminação ambiental. A inclusão desse elemento na narrativa do vídeo não é despropositada: ele simboliza o uso tecnológico desenfreado que coloca em risco a saúde humana e o meio ambiente. A preocupação com o glifosato, portanto, tem fundamento científico e político, exigindo regulação rigorosa e transparência.
Não se trata de negar a ciência ou o progresso. Trata-se de exigir que esse progresso esteja submetido ao debate público, ao controle ético e à consciência humana. A preocupação expressa no vídeo é uma tentativa, mesmo que imperfeita, de alertar contra o risco de nos tornarmos pós-humanos sem termos sequer compreendido o que é ser humano.
Assim, vale escutar tais mensagens não como verdades absolutas, mas como sintomas de um mal-estar contemporâneo profundo, que exige de nós mais filosofia, mais espiritualidade e mais responsabilidade moral diante do futuro que estamos construindo.
Abaixo, o vídeo citado no texto:
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Terras dos Homens Perdidos – Gil DePaula (2017)
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Terras dos Homens Perdidos, de Gil DePaula, é uma ficção histórica que explora a fundação de Brasília e o impacto da construção da nova capital na vida de brasileiros comuns. A narrativa é ambientada entre 1939 e 1960 e segue o drama de Maria Odete, uma mulher forte e resiliente, que relembra seu passado de desafios e desilusões enquanto enfrenta as dores do parto. Sua trajetória é entrelaçada com a história de dois fazendeiros rivais e orgulhosos, ambos chamados Antônio, que lutam pelo poder em meio a uma teia de vingança, traição e tragédias pessoais.
A obra destaca o cenário do interior brasileiro e a saga dos trabalhadores que ergueram Brasília com suor e sacrifício. Gil DePaula usa seu estilo detalhista para pintar um retrato das complexas interações humanas e sociais da época, onde paixões e rivalidades moldam o destino de seus personagens e refletem as transformações de uma nação. A obra combina realismo com uma narrativa de intensa carga emocional, capturando tanto a grandeza da construção da capital quanto as pequenas tragédias pessoais que marcaram sua fundação.
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