A Caixa de Pandora

Por Gil DePaula

Texto originalmente publicado em 2010, no Jornal Guará Hoje.

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Conta-nos a mitologia grega que Zeus, rei dos deuses, sentindo-se enganado por Prometeu (um dos Titãs e criador da humanidade) resolveu tirar o fogo dos homens que era responsável pela inteligência para construir moradas, defesas e a criação das leis para a vida comum.

Prometeu, então revoltado, entrou no Olimpo, a morada dos deuses, e roubou uma centelha do fogo para entregá-la aos homens, despertando para si a ira de Zeus, que mandou acorrentá-lo a um monte lhe impondo um castigo doloroso; uma ave de rapina devoraria seu fígado durante o dia e, à noite, regeneraria, para novamente ser comido, isso por trinta mil anos.

Ainda furioso, mandou para Epimeteu, irmão de Prometeu, como presente para que fosse tomada por esposa, sua filha primogênita Pandora, e no meio da bagagem uma caixa que continha os males que afligiriam a humanidade dali para frente: a doença, o trabalho, a paixão, a loucura, a mentira, restando no fundo da caixa a esperança. Com os males sendo liberados por Pandora, teve fim a idade de ouro da humanidade.

Em 2010, tivemos deflagrada em Brasília, pela polícia federal, a operação “Caixa de Pandora”. Denominação que se mostrou adequada aos males que foram dados a conhecimento a população, a partir dela. Complementando a original, essa trazia novos ingredientes: a corrupção, a prevaricação, o furto caracterizado por desvio de dinheiro levado em malas, envelopes, meias e cuecas. Os participes desta ignomínia: políticos e empresários que se locupletavam da forma mais sórdida, que é o desvio do dinheiro público. Dinheiro este, que até hoje falta para a rede hospitalar de Brasília, onde temos profissionais mal remunerados e doentes às pencas pelos corredores desses hospitais implorando por atendimento médico.

Não é segredo para ninguém que esse sistema corrupto está há anos enraizado no poder público do Distrito Federal, não sendo, portanto, privilegio do governo que se foi.

Quer nos parecer que o brasiliense tentou dar uma resposta nas eleições que passaram, só que muito tímida, provavelmente pela falta de opções que se apresentava.Vimos alguns se elegerem com votação expressiva, apenas por cumprirem com a obrigação de serem honestos, que é o mínimo que se pode esperar do homem público.

Efetivamente, esperamos mais de todos eles. Esperamos que trabalhem pela cidade. Esperamos que sendo da oposição fiscalizem a situação. Esperamos que os da situação pensem primeiro na população. Parece utópico, mas como a Caixa de Pandora mítica, buscamos da nossa e das eleições, um pouco da esperança perdida em termos finalmente a dirigir nossa cidade homens dignos e honrados.

 

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