A Sociedade dos Pensadores Mortos

Por Gil DePaula

R1 A Sociedade dos Pensadores Mortos
Quando iniciei os meus estudos, por volta dos cinco anos de idade, recordo-me que além da exigência de aprender a tabuada nas aulas de matemática, os professores, nas aulas de português, contavam ou liam para os alunos as chamadas histórias infantis ou contos de fadas, que possuíam a função de despertar o imaginário infantil, bem como o gosto pela literatura e, eu,  como outros garotos, felizmente, fomos pegos nesta “armadilha” e nos tornamos leitores contumazes. Corria a década de 60.

Ao longo dos anos, esse hábito saudável de se contar histórias foi se perdendo e, portanto, deixando de ser um incentivo a mais para se criar o hábito da leitura. Segundo dados estatísticos quase 50% da população brasileira não lê, e 30% nunca compraram um livro.

Sem dúvidas, os benefícios de ler são múltiplos e comprovados, estimulando a criatividade, enriquecendo o mapa referencial, reforçando processos cognitivos (por exemplo, afinando a memória). Em um plano coletivo, uma sociedade que lê mais, é uma sociedade menos vulnerável, mais inventiva e inclusive seu senso comum é menos medíocre. Neste sentido, e de forma paralela, é mais capaz de empregar uma luta cívica de exigências como a transparência de prestação de contas de seus governos e a regulação de suas elites.

Seguindo a mesma vertente, aquele que não lê, não se informa, não adquire conhecimento. Esta falta de conhecimento torna as pessoas incapazes de discutir o que não está na moda, ou os velhos clichês, como o futebol. A moda do momento pode ser o impedimento da ex-presidente Dilma, Donald Trump, a operação Lava-Jato ou o Big Brother.

O que tenho visto, em rodas de amigos e diariamente na televisão e no rádio (salvo honrosas exceções), é a falta de discussão sobre assuntos como a literatura, história, filosofia, ciência, astronomia, etc. Parece que se a matéria não estiver pronta para consumo, as pessoas são incapazes de trazer novos assuntos que fomentem e enriqueçam o debate, tirando-o da zona de conforto.

Se possuíssemos governantes zelosos, estes incentivariam o hábito da leitura. Contudo, é evidente que nossos governantes não se preocupam ou não desejam criar pensadores.

Portanto, cabe às pessoas zelosas atuarem em seu seio familiar ou nos segmentos da sociedade que estão presentes, no sentido de incentivar a leitura e consequentemente o conhecimento, incentivando homens e mulheres a ir além dos clichês e dos big brothers da moda.

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