Eduardo e Mônica – Uma Análise da História Por Trás do Grande Sucesso do Legião Urbana

Legiao-Urbana Eduardo e Mônica – Uma Análise da História Por Trás do Grande Sucesso do Legião Urbana

Existe razão nas coisas feitas pelo coração? O genial Renato Russo acreditava que não! Então, escreveu a história de um casal controverso, bem diferentes entre si, e que teria poucas chances de dar certo devido a essas desigualdades

A música Eduardo e Mônica se tornou um dos maiores sucessos da Legião Urbana e faz parte do álbum Dois, lançado em 1986. Desde então, a canção se tornou um marco na história da banda.

Os fãs simplesmente amaram a história do casal que se conhece em uma festa, não se largam mais, têm filhos gêmeos, enfrentam problemas corriqueiros, igualmente a qualquer família.

E a história por trás da música, será que foi inspirada em algum fato real? Eles foram o típico casal perfeito ou será que rolou uma traição? É isso que vamos descobrir juntos:

A história por trás da música Eduardo e Mônica

A história por trás da música Eduardo e Mônica


Duas pessoas radicalmente diferentes se apaixonaram e optam por ficar juntas! O próprio Renato Russo, durante uma entrevista para um rádio, comentou que escreveu a letra de Eduardo e Mônica a partir de observações do cotidiano e estilo de vida dos jovens de Brasília:

Perguntaram ao Renato se Eduardo e Mônica existem, e ele respondeu: Sim, eles existem, mas não são só duas pessoas, são várias pessoas. Todas as meninas e mulheres que eu gosto e que a gente conhece em Brasília. Essas meninas espertas com coração e a cabeça aberta. Tem um pouquinho de cada uma na nossa Mônica. E o Eduardo é a mesma coisa. A Mônica é uma menina mais velha e o Eduardo são todos aqueles carinhas que a gente conhece e se amarra.

Apesar da explicação do cantor, mais adiante na entrevista, ele acaba admitindo que sim; o Eduardo e a Mônica existem! Entretanto, ele não podia revelar por um pedido do próprio casal.

Anos mais tarde, os fãs finalmente mataram a curiosidade e foi revelado que a Mônica da vida real se chama Leonice de Araújo Coimbra, conhecida como Léo, e foi uma grande amiga de Renato que, na época, namorava um carinha mais jovem e acabou se casando com ele.

A ideia de Renato era criar uma música de alto astral, já que algumas pessoas comentavam na época que as músicas da Legião Urbana eram muito pessimistas.

E foi assim que surgiu a letra de Eduardo e Mônica, com o intuito de falar sobre muitas Mônicas e muitos Eduardos que acreditam que o amor é mais importante, mesmo diante das diferenças e das dificuldades.

Análise da música Eduardo e Mônica

Análise da música Eduardo e Mônica


Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

O primeiro verso da música apresenta um questionamento sobre se há ou não razão nos assuntos do coração.

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

No segundo verso, a letra começa a contar a história, abordando primeiramente o personagem Eduardo, que ainda estava na cama. No mesmo momento, Mônica estava estava do outro lado da cidade tomando conhaque.

Observe que a intenção do compositor é deixar logo claro o quanto os dois são diferentes, sendo Mônica muito mais descolada (ainda pela manhã ela toma bebida alcoólica).

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir

A seguir, a letra chega ao encontro dos dois, que aconteceu por acaso durante uma festa, onde eles conversaram bastante.

Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
É quase duas, eu vou me ferrar

Durante o diálogo, Eduardo comenta com a Mônica que não se sente bem ali e não aguenta mais beber.

A Mônica ri e parece notar que o Eduardo não combina muito com aquele ambiente. São quase duas da manhã e ele só quer ir para casa.

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

De saída, trocaram telefone, e telefonaram marcando um encontro (somente não fica claro de quem foi a iniciativa). Eduardo, tradicional, sugeriu uma lanchonete. Já a Mônica, amante das artes, queria ver o filme do cineasta francês Jean-Luc Godard.

Se encontraram, então, no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Parece que eles não chegaram a um acordo e acabaram marcando e indo ao Parque da Cidade. A Mônica chegou de moto e o Eduardo de bicicleta (sim, o camelo é uma gíria bem comum em Brasília que significa bicicleta).

Ele nota que a menina está com tinta no cabelo (Provavelmente, a pintura estava descolorida).

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Nesta estrofe, o compositor afirma a diferença entre Eduardo e Mônica, dizendo que não eram nada parecidos. Ele tinha 16 anos e ainda devia estar fazendo aulas de inglês no ensino médio enquanto ela já estava na faculdade de Medicina.

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol de botão com seu avô

Fica nítida a paixão de Mônica por artes em geral: poesia, artes plásticas e música. Já o Eduardo gostava de novela e futebol de botão.

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

Enquanto ela gostava de falar sobre política, magia, meditação, assuntos “cabeça” e diversos, o Eduardo continuava em uma rotina mais adolescente, de ir pra escola e ver TV.

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Mas, mesmo assim, eles continuaram se encontrando, a vontade de ficar junto foi aumentando.

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

A relação ficou mais séria. Eles começaram a fazer cursos juntos de fotografia e aulas de natação. Acabaram indo viajar juntos, e a Mônica se mostrava com uma espécie de líder da relação, explicando para o Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar.

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

Com a influência de Mônica, Eduardo começou a se soltar mais. Aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e até arrumou um emprego. Depois entrou para faculdade!

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Como todo casal, eles comemoraram juntos, brigaram algumas vezes, mas continuaram firmes. É nítido que eles estavam apaixonados e curtindo a companhia um do outro.

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Nesta estrofe, a música dá um salto no tempo e dá a entender que Eduardo e Mônica agora já se casaram, construíram uma casa e tiveram filhos gêmeos. Venceram juntos algumas dificuldades.

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

Provavelmente, passaram um tempo fora de Brasília e voltaram alguns anos depois. Renato comenta que alguém sente falta da amizade do casal no verão.

Em seguida, conta que eles não vão viajar porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação. E é nesta frase que ocorre uma polêmica que talvez a gente nunca vá conseguir compreender: por que Renato menciona o filhinho do Eduardo apenas?

Os fãs levantaram a hipótese de que não é um filho do casal, ou seja: de que o Eduardo teve um filho fora do casamento. Mas a música não confirma nada disso, e pode ser que a expressão filhinho do Eduardo seja usada somente para demonstrar que o filho se parece muito com o pai.

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

A letra finaliza como uma espécie de círculo, voltando ao questionamento da primeira estrofe.

Eduardo e Mônica inspirou propaganda e filme

Eduardo e Mônica inspirou propaganda e filme

eduardo-e-monica Eduardo e Mônica – Uma Análise da História Por Trás do Grande Sucesso do Legião Urbana
Uma grande obra nunca estaciona. Ela continua servindo de inspiração ao longo da história e com Eduardo e Mônica não foi diferente.

Em 2011, a música serviu de tema para um vídeo de propaganda da operadora Vivo que deu o que falar e acabou viralizando na época.

O longa-metragem inspirado na música da Legião Urbana está estreando.

Mônica será interpretada pela atriz Alice Braga e Eduardo pelo ator Gabriel Leone.

 

Livros de Gil DePaula

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